Segunda-Feira,  23/04/2012

Tecnologia Para Quê?

Oscar Motomura

O ser humano é um ser que cria. É a sua natureza. Quando Einstein dizia: “Eu só quero entender como Deus pensa; todo o resto é trivial.”, ele se referia à sua busca quanto ao entendimento das leis da criação. Quais os princípios que estão na base de tudo que existe, de tudo que já está criado e que está sendo criado?

Gradualmente, século após século, década após década, ano após ano, cada vez mais rapidamente vamos descobrindo mais e mais sobre como tudo funciona. E vamos usando nossas descobertas para criar. Criar o quê? Tudo que imaginamos…

Imaginamos replicar a Natureza e criamos a agricultura. Soltamos nossa imaginação e queremos voar. Criamos máquinas voadoras. Queremos ir à Lua. E criamos meios de chegar lá.

Estamos, o tempo todo, criando meios de viabilizar o impossível…

Mas criamos para quê? Com que propósito estamos usando o dom de criação com o qual fomos presenteados? Para que criamos novas tecnologias, novos produtos, novos jeitos de morar, de cozinhar, de movimentar, de transportar, de comunicar?

Se não houver um propósito em tudo isso, podemos estar brincando perigosamente com nosso dom de criar. Criamos até armas de guerra, produtos de destruição, produtos que prejudicam a saúde e bem-estar das pessoas…

Essa brincadeira pode até estar nos levando a criar mais e mais produtos para até melhorar a vida e potencializar o conforto de pessoas. Mas de poucas. Inadvertidamente, podemos até estar desviando recursos produtivos - e nossa própria capacidade criativa - para incremento de uma economia do supérfluo, ao invés de potencializar o processo de criação do que falta a muitos.

Tecnologia nada mais é do que a extensão de nosso dom de criar. Criamos a partir do que imaginamos e visualizamos. Criamos pelo nosso pensamento. Pela energia de nossos sentimentos, de nossa vontade e motivação. Pelo que comunicamos. Pela força de nossas palavras. Da energia que mobilizamos através de nossas ações.

Até o momento em que estaremos criando como o gênio da lâmpada - materializando direta e instantaneamente o que conseguimos visualizar em nossa mente, nos comunicando com as outras pessoas pelo pensamento, por exemplo - estaremos criando tecnologias como “muletas de criação”. Vamos avançar muito ainda. E cada vez mais rapidamente. Novas tecnologias para viabilizar o que até ontem era impossível… Até que um dia não venhamos mais precisar dessas muletas… Seremos então, efetivamente, deuses em ação…

Mas com ou sem muletas, a questão essencial permanece: criar o que e para que…

O que mais a sociedade precisa hoje? O que mais a nossa casa maior – o próprio planeta – está precisando? Nossos 6 bilhões de vizinhos no grande condomínio Terra estão bem? Nosso planeta está bem? A manutenção está sendo bem feita?

Ao pensarmos sobre essas questões simples, conseguimos sentir a extensão da equação essencial: para que propósito o ser humano deveria estar dirigindo seu poder de criação? Não deveríamos todos nós, juntos, estar buscando criar o melhor para todos?

Além de produtos, tecnologias, serviços etc., o ser humano também cria coisas mais abstratas: o sistema de comércio entre países, acordos para preservar o meio ambiente, sistemas de trocas, formas de governo, sistemas de gerenciamento, sistemas de produção, sistemas de distribuição, jeito de organizar as coisas etc. Alguns desses jeitos de fazer as coisas acontecerem são saudáveis, justos, éticos. Outros já nascem doentes, satisfazem interesses ocultos, desrespeitam valores universais. E assim vai...

Criamos de tudo: produtos, serviços, sistemas. Mas, para que criamos? Nosso Melhor Eu quer criar tudo que é necessário para viabilizar o mundo ideal. Nosso Menor Eu quer criar só vantagens próprias. E no “jogo” das ilusões usa o poder de criar para ter mais e mais. E nesse processo gera doenças na sociedade, criando cânceres que podem fazer o organismo maior – a própria Humanidade – sucumbir.

Em plena Era da Informação e do Conhecimento nunca foi tão fácil e rápido perceber as consequências de nossas escolhas. Basta querer ver. Ter a coragem de sair da área de auto-engano e das ilusões.

Nossa esperança está em nossa consciência. Em aprender com nossos acertos e erros.

Mas isso quer dizer que ainda temos décadas de aprendizagem ainda pela frente…? Não. Já é tempo de fazermos um grande balanço de tudo que a Humanidade já “testou” até hoje. E ousar criar o inédito. É hora de um salto quântico. Já. Hoje. Só depende de nós.

Oscar Motomura - diretor geral da Amana-Key, empresa especializada em inovações radicais em gestão.
Fonte: www.amana-key.com.br