Pequenos e médios empresários escrevem para contar
da exaustão e pedir solução já. O estresse econômico transborda em fadiga de
crise ou explosão de desesperança, a gente ouve por aí ou lê na caixa de
mensagens. É a estafa de quem ao menos teve a boa sorte de sobreviver, pois
muitos ficaram pelo caminho, para nem falar do povo largado na miséria.
A recaída do Pibinho detonou de vez a insatisfação,
a impaciência com a política econômica e com seus economistas. Deflagrou a
conversa do “é preciso fazer alguma coisa, já, ninguém aguenta mais”.
Economistas-padrão,
entre encabulados, perdidos ou estoicos, não têm muito a oferecer de
novo, no melhor dos casos.
Nos dias piores
desta depressão que já dura seis anos, este jornalista recebia vez e outra
mensagens de pequenos e médios empresários contando durezas da vida e
oferecendo sugestões do que fazer do país. Jamais foram tão frequentes quanto
nas últimas semanas. É gente que conseguiu manter a empresa, mas está pelas
tampas, para escrever português claro.
“Hoje,
para cada real investido no país, você demora em média três anos para
recuperar. É melhor colocar na poupança”, conta um fabricante de material de
construção.
Economistas críticos
da política econômica mais ou menos vigente desde 2015 costumam demonstrar mais
empatia com essas angústias de “curto prazo”, que é quando a vida e a política
acontecem. Entre tantas diferenças, concordam que a economia precisa de
transfusão imediata de sangue, investimento, que não tem de onde vir,
imediatamente, a não ser de investimento público direto ou coisa similar. De
endividamento extra, em suma, e incentivos oficiais.
A receita não é
trivial. Mas essa conversa tende a se disseminar.
Não há hipótese de
que a equipe econômica deste governo possa cogitar medidas desse tipo. Quem
tenha um plano alternativo e imaginativo, no entanto, pode propô-lo, com
coerência, considerando o custo das medidas e o risco de consequências
impremeditadas e contraproducentes.
Quem tem um plano
desses?
FOLHA DE SÃO PAULO