Com a definição do cenário
eleitoral, os fundos de pensão começam a desenhar as estratégias de
investimento para 2019. A busca por risco deve se intensificar, com aumento da
alocação em ações e fundos multimercados, até por conta do desempenho abaixo do
esperado ao longo deste na.
Guilherme Benites, sócio da
consultoria Aditus, estima que a alocação em renda variável, que corresponde
hoje a cerca de 6% das aplicações da amostra de fundos de pensão acompanhada
pela consultoria, pode subir para algo entre 8% e 10% em 2019. Já para os
multimercados - hoje 4% dos investimentos -, a estimativa é que dobrem de
tamanho.
Levantamento da Aditus com 113
fundações que administram R$ 188 bilhões mostra que, no ano até setembro, a
rentabilidade média foi de 5,19%, quase dois pontos abaixo do objetivo, de
7,11%. Até setembro, a renda fixa - que representa quase 90% dos
investimentos - rendeu 5,58%, atrás apenas dos investimentos no exterior, com
valorização de 15,74%, mas que não chegam a 1% das aplicações. A renda variável
gerou um retorno de 0,26% e os investimentos estruturados, 3,8%.
Os números de outubro ajudaram
o desempenho do PPSP, o plano de benefício definido da Petros, a ficar
"bem próximo" de seu objetivo, afirma o presidente Daniel Lima, sem
dar mais detalhes. No PP-2, plano de contribuição definida, a meta "foi
superada com alguma folga". Na prévia do ano até setembro, a rentabilidade
da Petros estava em 1,99% no PPSP, ante meta de 7,73%. Já no PP-2, os ganhos
somavam 7,34%, pouco abaixo do objetivo de 7,5%.
Segundo Lima, no período
pré-eleitoral a Petros aproveitou-se da volatilidade dos mercados para alongar
o perfil dos títulos públicos da fundação e negociou cerca de R$ 10 bilhões.
"Devemos ter vendido mais ou menos R$ 4 bilhões e comprado pouco mais de
R$ 6 bilhões", afirma. A fundação também aumentou a participação em
crédito privado. Para o ano que vem, a Petros deve olhar para os
investimentos no exterior. Até o fim do ano, a fundação deve submeter ao crivo
do comitê de governança os processos criados para realizar aplicações fora e,
em 2019, deve abrir um processo de seleção de gestores.
A Previ também aproveitou a
volatilidade recente dos mercados e comprou cerca de R$ 3 bilhões em títulos
públicos, com vencimentos entre 2035 e 2050. Além disso, realizou R$ 1,5 bilhão
em vendas de ações de empresas em que possui participação mais robusta.
O Infraprev, que tem hoje
investimentos superiores a R$ 3 bilhões e cerca de 14 mil participantes,
acumulou rentabilidade de 8,59% em 12 meses até julho no seu principal plano,
de contribuição variável. Com um CDI de 7,08% no período, o retorno correspondeu
a 121% do referencial. A princípio, o objetivo do fundo é aumentar,
principalmente, a exposição em renda variável. No passado, a fatia no segmento
já chegou a 30%, mas foi reduzida para os atuais 10%. O entendimento é que não
é necessário tomar o mesmo risco, e uma participação de 15% seria o desejável,
de acordo com a diretora-superintendente da fundação, Claudia Avidos Pereira.
VALOR ECONÔMICO