Operação Greenfiel poderá durar 10 anos


A “Operação Greenfield”, que investiga desvios em entidades patrocinadas por estatais, deverá continuar ativa por pelo menos 10 anos, acreditam investigadores que atuam nela. Eles atribuem a sua previsão à estrutura insuficiente para tantas diligências que se mostram necessárias em face do grande volume de trabalho que ainda falta realizar. Atualmente são mais de uma centena de processos, envolvendo investimentos da Previ, Petros, Funcef e Postalis. Sem o contingente humano necessário para a realização de buscas, apreensões, conduções coercitivas e prisões preventivas, as atividades estão se concentrando hoje no campo da inteligência, com menos espaço para a obtenção e a análise de documentos e provas.

 

Por conta dessa dilatação do tempo necessário, os investidores estão dando prioridade aos processos mais antigos, preocupados com a eventual prescrição de alguns crimes.

 

Em uma longa entrevista, o diretor-superintendente da Previc, Fábio Coelho, diz logo na abertura estar a autarquia preparando medidas de aprimoramento da governança das EFPCs e que estas serão adotadas até o final do primeiro semestre, com foco principalmente nos investimentos e nos possíveis conflitos de interesse existentes. Ele sublinha que as regras atuais pedem atualização.  Podem ser revisados, por exemplo, os atuais limites de alocação em FIPs. Logo em seguida, não se sabe se pretendendo juntar uma afirmação a outra, ele defende que os fundos de pensão se preparem melhor para a nova realidade dos juros baixos.

 

Na entrevista Fábio Coelho ressaltou cuidados que já estão sendo tomados, como os avanços na habilitação de dirigentes e o fato de o principal gestor dos investimentos das “ESI” serem chamados para uma entrevista. Citou ainda a criação de comitês de auditoria, que ainda dependem da publicação da norma. E a partir de 2019 as auditorias independentes vão precisar também se manifestar sobre a qualidade da governança, o que envolve um esforço de adaptação por parte das empresas de auditoria. Elas precisarão fazer uma avaliação do processo decisório  das fundações, para verificar se elas têm controles adequados ao seu porte, se as regras de compliance atendem, se o nível de risco está sendo mitigado pelas instâncias.  Ele atribuiu os problemas ocorridos com FIPs a falta de experiência por parte de algumas entidades.

 

Coelho admitiu que alguns limites de investimentos poderão ser mexidos, inclusive no caso dos FIPs. “A gente continua entendendo ser um produto que tem tudo a ver com a natureza de longo prazo dos fundos de pensão”, declarou.

 

Falando sobre o que precisa ser aperfeiçoado na governança, Coelho referiu-se ao processo decisório, às instâncias de aprovação e em especial à análise de risco.

 

Coelho notou que 2017 foi um bom ano especialmente em função da performance da Bolsa, mas previu que 2018 poderá ser ainda melhor, levando em conta os aprimoramentos que estarão em curso nas entidades, junto com a inflação controlada e a retomada da atividade econômica. 



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