“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida”,
cantarola a professora aposentada Ronalda Caleiro, de 90 anos, enquanto assiste
a um vídeo do cantor Roberto Carlos no YouTube. Perto dela está a pedagoga
aposentada Ney Rennó, de 83 anos, que joga paciência no computador. As duas não
se intimidam com telas e cliques: são alunas de uma oficina que ensina os mais
velhos a usar smartphones, redes sociais e computadores – tendência cada vez
mais presente nos residenciais para idosos. Videogames também entraram no
cardápio de atividades desses locais, onde é possível morar ou passar o dia,
sob cuidados de profissionais.
Ronalda já participou de duas
aulas desde que começou a viver, há um mês, no Residencial Santa Cruz, no
Jardim Marajoara, zona sul paulista. E, embora nunca tenha gostado de
tecnologia, está vendo o mundo virtual como uma alternativa para manter o
contato com as pessoas que ama.
“Estava acostumada a lidar com casa, limpar, passar. Meu filho me deu um
celular, mas achei muito difícil”, diz Ronalda. Precisa de tempo para aprender.
Só tenho meu filho e meu neto e quero falar (com eles).”
Gerente de Tecnologia da
Informação do residencial, Alexandre Nadalutti explica que a oficina
“Conectados” começou há cerca de dez meses para aproximar os idosos das
tecnologias, mas sempre atendendo às suas demandas. “Essa aula ocorre uma vez
por semana para que possam perder o medo e ver o que podem ganhar com o
computador. Nossa abordagem é para ver o que gostam, como músicas, jogar
cartas.”
Segundo ele, os benefícios vão
além dos novos conhecimentos. “Estimulamos a coordenação motora, e um dos
pontos mais legais é a interação com a família. Fazemos tour mostrando cidades
com o Google Street View, eles conversam pelo Skype. As aulas ampliam os
horizontes deles por meio da tecnologia”, diz.