Associações e
sindicatos traçam estratégia para pleitear mudanças mais brandas na
aposentadoria
Servidores públicos retomaram as articulações para defender interesses
próprios nas negociações da reforma da Previdência. Mesmo sem o
governo ter apresentado a proposta, entidades do setor querem procurar o líder
do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), deputado de primeiro mandato e
consultor legislativo concursado.
O lobby do
funcionalismo é um dos mais atuantes no Congresso. “É o mais poderoso, 90%
dos pedidos de audiência que recebi eram de servidores: Judiciário, Executivo,
delegados, Receita Federal”, diz o relator da proposta de reforma da
Previdência do governo Temer, deputado Arthur Maia (DEM-BA).
Desde a semana
passada, diversas associações e sindicatos têm se reunido e discutido a
estratégia para o debate. Apesar de tentarem um canal de comunicação com a
equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro, as raras conversas se
concentraram durante a transição, no fim do ano passado.
O time do ministro
da Economia, Paulo Guedes, estuda uma proposta
de reforma para elevar gradualmente a idade mínima para que servidores se
aposentem, com um período de transição, equiparar as regras entre os setores público
e privado e restringir o acúmulo de aposentadoria e pensão para quem ainda vai
pedir os benefícios.
Esses pontos, que
já estavam previstos no desenho de Temer, ainda estão sendo fechados pelo
ministro com o presidente, mas já despertam preocupação das entidades que
representam o funcionalismo.
Atualmente, a
idade mínima para que servidores federais se aposentem, válida para quem entrou
no sistema a partir de 2003, é de 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres). Uma
das ideias em análise pela atual equipe econômica estabeleceria, pelo menos, 65
anos, para homens, e 62 anos (mulheres), seguindo a proposta de Temer após
discussões no Congresso.
Nos últimos dias,
as conversas entre entidades de funcionários do Judiciário, do Executivo e do
Legislativo se intensificaram. O objetivo é traçar uma estratégia conjunta para
acompanhar a reforma.
“É necessário
ajuste no sistema como um todo. Estamos, em certa medida, dispostos a dar nossa
cota de sacrifício para a reforma, mas queremos uma transição razoável, que não
olhe só o lado das despesas, mas que busque incrementar o sistema com
receitas”, afirmou o presidente do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de
Carreiras Típicas de Estado), Rudinei Marques.
O fórum reúne 31
sindicatos e associações, de auditores fiscais a delegados da Polícia Federal,
e representa cerca de 200 mil funcionários públicos.
FOLHA DE SÃO PAULO