Em três oportunidades em
pouco mais de duas semanas, e não por acaso, uma vez que a frequência
mostra a importância creditada ao tema, a questão da valorização da ética
esteve presente em momentos particularmente relevantes da vida do Sistema.
No
dia 26 de novembro, a Comissão de Ética analisou minuta que atualiza o
"Código de Princípios Éticos e Condutas do Regime Fechado de Previdência
Complementar". Na mesma data e no dia seguinte, também em São Paulo, o
Sindapp e a SPPC promoveram em conjunto, e contando com o apoio da Abrapp, o
seminário Ética e Boas Práticas de Governança no Fortalecimento da Confiança,
reconhecidamente o melhor de uma série iniciada anos antes.
Até que já em
dezembro, no dia 3, em sua última reunião do ano a Comissão Técnica Nacional de
Governança centrou suas reflexões na primazia do comportamento ético antes de
mais nada, por julgarem os seus membros que é isso que se recomenda, de um
lado, a uma previdência complementar que vive da confiança que inspira em seus
participantes, patrocinadoras e instituidores e, de outro lado, a
lideranças que enfrentam o desafio ditado pelas circunstâncias que o País
atravessa.
Circunstâncias que
estabelecem uma demanda muito clara: “ Devemos cuidar ainda mais para que o
discurso esteja alinhado às ações”, resume Marisa Santoro Bravi, Coordenadora
da Comissão Técnica Nacional de Relacionamento com o Participante da Abrapp.
Ela prega a necessidade de as entidades definirem com muita transparência os
valores pelos quais querem ser conhecidas.
Sozinha, a ética já seria
um ingrediente de peso em qualquer receita de boa gestão. Mas, como lembrou no
seminário a Presidente do Sindapp, Nélia Pozzi, o comportamento ético está
casado com as boas práticas da governança, a ponto de não se poder imaginar uma
sem a outra. Razão suficiente para colocar a temática no ponto mais alto da
agenda.
Assim valorizado, como tudo que diz respeito ao tema, a minuta do
"Código de Princípios Éticos e Condutas do Regime Fechado de Previdência
Complementar", do jeito que está ou acrescida de novas sugestões, irá ser
submetida a uma Assembleia de associadas no início de 2016.
Associação de ideias -
Adriana de Carvalho Vieira, Coordenadora da Comissão Técnica Nacional de
Governança, nota que em matéria de associação de ideias a ética não anda junto
apenas das boas práticas de governança. Ela ressalta que “cada vez mais existe
uma necessidade de qualificação e especialização por parte de dirigentes e
conselheiros, para que seja viável uma atuação íntegra, ética, independente e
transparente, que assegure ao gestor os meios para enfrentar situações
cotidianas de pressão e conflito de interesses, atuando sempre em defesa dos
fins precípuos dos planos de benefícios e das atividades das EFPC”.
Adriana completa: “E tudo
em nome da inafastável fidúcia que rege a relação entre EFPC,
participantes/assistidos e patrocinadores”.
Para ela, não faltam
desafios a colocar à prova o comportamento humano.
Ao lançar um olhar para 2016,
Adriana observa que “diante do atual panorama, a percepção que tive, em linha
com os demais colegas da CTNG, foi de que precisamos manter o enfoque, com
aprofundamento do debate sobre como desenvolver, no âmbito das EFPC, mecanismos
eficazes de mitigação dos riscos que eu classificaria como imponderáveis, a
princípio, já que decorrentes da subjetividade que permeia a atuação humana.
Além disso, aprimorar a comunicação é fator essencial para reabilitar a
confiança, tão vital para sustentabilidade do sistema”.
É preciso ir além - Para
Mary Stela Kloster, Assessora de Gestão e Controles Internos da FIBRA -
Fundação Itaipu Brasil - Previdência Complementar e integrante da CTNG,
qualificação e certificação são de fato indispensáveis para que os profissionais
saibam responder aos desafios, mas mesmo isso não basta, seguramente não é
suficiente, é preciso ir além.
Ela diz como isso é possível: “Penso que, além
da qualificação e/ou certificação, fundamental é o comprometimento da alta
direção com metodologias e ferramentas de gestão, pois sem essa chancela as
áreas técnicas não conseguem avançar”.
“Diante do cenário complicado que se pode
esperar em 2016”, acrescenta Mary, “de modo geral deveremos ter nossos esforços
voltados para o debate sobre controles eficazes para a mitigação dos riscos que
se apresentam para os Fundos de Pensão.”.
Diário dos Fundos de Pensão