RENDA VITALÍCIA


Mais entidades oferecem reversão da renda vitalícia

 Trocar a aposentadoria depositada mensalmente pelo resto da vida por uma chance de receber todo o dinheiro de uma só vez é uma opção que tem sido oferecida cada vez mais pelos fundos de pensão aos beneficiários de renda vitalícia. 

Para os participantes, o ganho vem justamente do fato de se obter maior controle sobre esse patrimônio, que pode ser aplicado de várias maneiras, como em um negócio próprio ou mesmo ser deixado de herança aos familiares.

 No caso das entidades, o benefício é ter maior previsibilidade e controle dos custos futuros.

 A queda dos juros, a perspectiva de uma nova realidade de taxas em um dígito daqui para a frente e o aumento da longevidade têm levado os fundos de pensão a encarar com cada vez mais urgência o dilema do risco atuarial.

 A opção é oferecida a aposentados que já recebem benefício definido (BD) ou para a parcela que optou por renda vitalícia nos planos de contribuição variável (CV).

 “Diria que é uma forte tendência nessa indústria e nesse mercado”, afirma Evandro Oliveira, diretor da área de previdência e fundos de pensão da Willis Towers Watson.

A recapitalização, na prática, significa converter a renda vitalícia de volta em recursos líquidos individuais. “É como se o aposentado decidisse abrir mão de sua renda vitalícia e migrar as reservas para um plano de contribuição definida”, afirma Oliveira. 

Segundo o especialista, com anuência do beneficiário, a entidade calcula o montante dos pagamentos futuros e a reserva matemática para efetuar esses desembolsos e retorna ao participante esse valor total.

De acordo com o diretor da Willis Tower Watson, o valor da recapitalização não é resgatado de uma vez. 

“O mais comum é oferecer um percentual que seja resgatável à vista e o restante o participante receberia em até cinco anos, de acordo com os critérios que ele definir”, explica.

Luciana Dalcanale, diretora de seguridade da Funcesp, a  fundação passou a disponibilizar a conversão, por enquanto, em apenas um dos seus fundos de benefício definido. 

A recente medida - voluntária - será observada e se houver demanda pode ser estendida aos outros 13 planos administrados.

Na avaliação do presidente da Fundação Real Grandeza, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, essa tendência faz parte da estratégia das entidades fechadas de previdência complementar de ter produtos mais flexíveis. 

No plano de contribuição variável da fundação é possível fazer conversão de parte do montante a receber. 

“As pessoas começaram a querer gerenciar melhor sua vida”, diz. “Nos últimos dois anos, a opção por renda não vitalícia é majoritária no plano”, acrescenta.

Diante de um cenário de retornos menores e aumento da expectativa de vida, a Willis Tower Watson tem registrado número cada vez maior de fundos de pensão em busca de estudos para verificar a viabilidade de implementar a recapitalização. 

“Tem se tornado uma discussão cada vez mais forte no mercado e a demanda vai aumentar cada vez mais”, afirma o diretor de previdência e fundos de pensão.

 “A gente tem atualmente três planos muito grandes estudando a alternativa”, conta. Além disso, “temos tido muitas solicitações de avaliação para essa opção”.



O GLOBO
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