PERSPECTIVA SEMANAL



Volatilidade política no radar, queda do IOF e perspectivas para o fiscal.

A semana passada foi marcada por um evento político de grande repercussão no Brasil: a derrubada dos decretos sancionados pelo governo que aumentariam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional. 

Esse movimento, raro na história recente do país, demonstra uma crescente complexidade na relação entre os poderes Executivo e Legislativo, elevando a temperatura do cenário político e sinalizando um potencial aprofundamento de discussões institucionais. 

Um ponto importante a ser monitorado é a possibilidade de o Executivo questionar a derrubada dos decretos no Supremo Tribunal Federal (STF), o que traria o Terceiro Poder para o centro deste debate, com potencial de aumentar ainda mais a temperatura em Brasília.

Do ponto de vista econômico, a anulação desses decretos antecipa o debate fiscal para o terceiro trimestre. 

É crucial destacar que o aumento do IOF era tecnicamente questionável, pois poderia gerar distorções e alterar a estrutura de incentivos na economia, afetando diversas operações financeiras. 

No entanto, sem as receitas esperadas, o governo enfrentará o desafio de equilibrar suas contas. Esse cenário direciona o foco para o retorno do recesso parlamentar, especialmente para a segunda quinzena de agosto. 

Nesse período, espera-se o envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 e o debate sobre Precatórios. A necessidade de encontrar alternativas para cobrir o déficit orçamentário pode levar a novas discussões sobre medidas de arrecadação.

É importante lembrar que o último trimestre do ano já apresenta desafios fiscais devido à Lei Eleitoral, que exige que a aprovação de novas medidas orçamentárias – como a expansão de programas sociais – seja feita até o final de 2025. 

A combinação da derrubada do IOF com essas restrições preexistentes adiciona uma camada de complexidade ao cenário fiscal nos próximos meses. 

A proximidade do recesso parlamentar pode, inicialmente, ajudar a aliviar o impacto imediato sobre os mercados, mas a incerteza externa continua a exigir atenção.

Apesar do cenário doméstico de maior incerteza política e fiscal, os mercados têm demonstrado certa resiliência. 

Isso se deve, em grande parte, a um ambiente externo benigno, que favorece ativos de países emergentes como o Brasil, impulsionados, por exemplo, por um diferencial de juros ainda atrativo. 

Internamente, a sinalização de pausa na alta de juros pelo Banco Central também contribuiu para um certo alívio, deslocando o foco dos mercados para a discussão sobre quando os cortes de juros poderão ocorrer.

No entanto, a persistência de dados de atividade econômica mais resilientes do que o esperado tem moderado o apetite por uma antecipação significativa desses cortes na taxa Selic. 

Além disso, o cenário internacional ainda apresenta incertezas consideráveis, com um ponto de atenção para o dia 9 de julho, prazo final para a pausa tarifária dos Estados Unidos para diversos países, sem que acordos mais concretos tenham sido selados.
 



Dados de mercado de trabalho nos EUA, de inflação na Europa, de indústria e emprego no cenário local, e PMIs ao redor do mundo.

Nos EUA, o destaque da agenda de dados desta semana será a divulgação da pesquisa Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTS) de maio, e do Payroll de junho. 

Na segunda-feira (30), será anunciada a sondagem de atividade industrial do Fed Dallas e o PMI econômico do MNI Chicago, ambos referentes a junho. 

A expectativa de mercado é que o primeiro indicador migre para -12,9 pontos, enquanto o segundo assinale 43 pontos. 

Na terça-feira (01), haverá uma série de divulgações econômicas importantes, com destaque para o JOLTS de maio e os índices ISM e PMI da Indústria, todos referentes a junho. 

O PMI Industrial deve se manter em 52,2 na leitura final, enquanto o ISM Industrial deve apresentar crescimento para 48,8, ante os 48,5 registrados em maio. 

Na quarta-feira (02), será divulgado o relatório ADP de emprego nacional de junho, que deve apresentar a abertura de 110 mil postos de trabalho, acima do observado em maio (37 mil). 

Por fim, na quinta-feira (03), os destaques serão as publicações do Payroll, da taxa de desemprego e dos índices ISM e PMI de Serviços. O Payroll de junho deve registrar a abertura de 120 mil novas vagas de trabalho fora do setor agrícola, e de 115 mil no setor privado, ambos abaixo de seus valores de maio (139 mil e 140 mil, respectivamente). 

Para a taxa de desemprego de junho é esperada uma leve aceleração para 4,3%, após o avanço de 4,2% registrado em maio. 

O índice ISM de Serviços de junho deve acelerar para 50,8 pontos, acima dos 49,9 de maio. 

Também será anunciado o Volume de Encomendas à Indústria de maio, que deve ter crescido 7,8% M/M, após a performance de -3,7% M/M em abril. Na sexta-feira (4) será o feriado nacional de Dia da Independência dos EUA.

Na Europa, analistas estarão atentos aos dados de inflação divulgados durante a semana e ao fórum anual do Banco Central Europeu, que acontecerá de 30 de junho a 02 de julho. 

Na segunda-feira, a Alemanha publicará a leitura preliminar da Inflação ao Consumidor de junho, que deve registrar variação mensal de 0,2% M/M, ante 0,1% M/M (especificar se foi em maio), e de 2,2% A/A. 

Ainda na segunda-feira, será publicado o Volume de Vendas no Varejo de maio, com projeção de avanço de 0,5% M/M, e de 3,6% A/A. 

Na terça-feira, o destaque será a leitura preliminar da Inflação ao Consumidor (CPI) da Zona do Euro, que deve apresentar avanço de 0,3% M/M em junho, contra a variação nula observada em maio, e de 2,3% A/A. 

Também na terça-feira, analistas conhecerão as expectativas de Inflação do BCE para os horizontes de 1 e 3 anos, e dos PMIs de Indústria de junho dos países-membros da União Europeia. 

Na quarta-feira, será divulgada a taxa de desemprego da Zona do Euro, com o consenso entre analistas do mercado sugerindo manutenção em 6,2%. Na quinta-feira, serão publicados PMIs de Serviços do bloco europeu. 

Na sexta-feira, o destaque será a divulgação da Inflação ao Produtor da Zona do Euro, que deve registrar retração de -0,6% M/M em maio, ante -2,2% M/M de abril, e variação interanual de 0,3% A/A.

Na Ásia, serão divulgados nesta semana os indicadores de PMI Caixin Industrial e de Serviços na China, ambos referentes a junho. 

Já no Japão, na terça-feira e quarta-feira serão divulgados, respectivamente, as versões finais dos PMIs. 

No cenário local, o destaque desta semana será a publicação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), na segunda-feira, e da Pesquisa Mensal de Indústria de maio, na quarta-feira. Para o CAGED o mercado espera que 175,5 mil novas vagas tenham sido abertas em maio. 

 Durante a semana serão ainda divulgados outros indicadores, como o resultado primário de maio, na segunda-feira, e a Balança Comercial mensal de junho, na sexta-feira.
 

 



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