As Notas do Tesouro Nacional
série B (NTN-B),
papéis do governo federal
que pagam a correção da inflação do IPCA mais juros, estão registrando neste
mês forte valorização por conta da queda dos juros.
O IMA-B5+, índice da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais que acompanha as variações desses títulos com mais de
5 anos de prazo, apresentou retorno de 8,78% em outubro até o dia 16, o melhor
resultado mensal desde março de 2016, quando registrou variação de 8,30%. A
alta é maior que a do Índice Bovespa, que acumula 8,03% no mês.
O desempenho
reflete a queda dos juros pela melhora de percepção dos investidores quanto ao
cenário econômico, sobretudo após o resultado do primeiro
turno das eleições, diz a Anbima. Os juros recuaram de 5,95% ao ano
mais IPCA em 28 de setembro para 5,31% hoje no caso da NTN-B 2035.
LTN
sobe 12,73% em 30 dias
Nos últimos 30
dias, outros papéis tiveram ganhos também expressivos, caso dos títulos
prefixados com juros no final, as LTN. Esses títulos com vencimento em 2025
apresentam ganho de 12,73%, conforme dados do site do Tesouro Direto, sistema de venda de papéis federais
para o pequeno investidor via
internet. Os juros desses papéis recuaram de 12,28% ao ano em
17 de setembro para 10,19% hoje.
Já as NTN-B 2035 sobem 7,48% em 30 dias, enquanto as 2045 tem alta de
11,62%. Os juros desses papéis caíram de 5,93% ao ano mais IPCA em meados
de setembro para 5,31% mais IPCA hoje.
Ganho
é virtual e antecipa o futuro
O ganho deste mês é um reflexo do ajuste dos preços dos papéis à queda
dos juros no mercado. Mas é um ganho virtual, pois vale apenas para quem
comprou o papel no começo do mês ou no mês passado e vender o título no mercado
neste momento.
Para quem ficar com o papel até o vencimento, o ganho será aquele
acertado na aplicação. E, para quem comprar o papel agora, o ganho será o dos
juros atuais. A menos que os juros voltem a cair, o que dará novos ganhos para
o aplicador.
É o mesmo princípio de quando o juro sobe e quem tem papéis com taxas
antigas, mais baixas, sofre perdas que só se materializam se o papel for
vendido naquele momento. Se o investidor vende o papel agora após a alta, ele
está apenas antecipando o ganho que teria se ficasse com o título até o
vencimento pelas condições atuais. E, quanto mais longo o papel, maior é o
impacto da queda ou da alta dos juros.
Isso ocorre porque o preço do papel vai no sentido contrário ao dos
juros. Se o juro sobe, o preço do papel cai, e vice-versa. O motivo é que o
rendimento do papel é a diferença entre o preço que o investidor paga por ele
hoje e o preço do resgate, que é fixo. Quanto maior o juro prometido, maior tem
de ser essa diferença, ou seja, o desconto à vista, e vice-versa. Assim, quando
o juro sobe, o preço do papel tem de cair. E, quando o juro cai, como agora, o
preço do papel sobe, pois o rendimento daqui até o vencimento do papel será
menor.
Esse ajuste é diário e, no caso atual, terá impacto também nos fundos
renda fixa que têm papéis de longo prazo, ou duração longa. É a chamada
marcação a mercado feita pelos gestores diariamente, atualizando o valor dos
papéis em suas carteiras. O mesmo ocorre no Tesouro Direto. CDBs e outros
papéis privados com juros prefixados ou corrigidos pela inflação também têm
esse mesmo impacto, mas como pouca gente olha seus valores todos os dias,
ninguém percebe.
site arena do Pavini