Em audiência pública na última
quinta-feira (11), a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) debateu o futuro da reforma da Previdência.
O jornal DCI
resume: representantes de entidades sindicais, da Consultoria do Senado e
da Receita Federal discutiram o tema e concluíram que a crise do sistema se
deve a problemas de gestão, fiscalização, sonegação e programas generosos de
renegociação de débitos tributários.
Para o consultor legislativo
do Senado Federal, Luiz Alberto dos Santos, não ficou claro, nas propostas dos
candidatos à presidência da República, como seria feita a reforma da
Previdência. Mas que o novo presidente vai ser obrigado a fazer a reforma,
porque não há dinheiro para pagar o que já é devido hoje.
- Isso é extremamente grave. E
isso vai seguramente jogar água no "moinho" da reforma da
Previdência. Qualquer um dos candidatos que for eleito vai ter condições
políticas de aprovar uma reforma da Previdência no próximo ano. Então esta é a
questão que está posta: qual é o modelo de reforma da Previdência que nós vamos
eleger no próximo período? – questionou.
Ao falar sobre o rombo na
Previdência, Achilles Linhares Frias, presidente do Sindicato Nacional dos
Procuradores da Fazenda Nacional, explicou que o Ministério Público tem
combatido a sonegação e cobrado dos devedores incluídos na Dívida Ativa da
União, que já está em R$ 2 trilhões.
- Nós estamos concentrando os
nossos esforços nas cobranças das dívidas superiores a R$ 1 milhão e mais ainda
nos grandes devedores, que são aqueles que devem mais de R$ 15 ou R$ 10
milhões. E o resultado nesses últimos anos tem sido crescente. Nós, no
trimestre recente, aumentamos em 50% a arrecadação em relação ao ano passado
justamente focando nessa cobrança das grandes dívidas – explicou.
O jornal diz
que Bolsonaro e Haddad até agora não expuseram planos consistentes para a
reforma da Previdência. Sem mudanças capazes de controlar a escalada de
despesas com aposentadorias, não será possível sustentar o teto de gastos nem
haverá espaço para desenvolver outras políticas públicas focalizadas na redução
das desigualdades.
Do lado de Jair Bolsonaro (PSL), parece reinar uma grande confusão. O
presidenciável se limita a dizer que o problema está nos privilégios e defende
uma reforma fatiada, a ser realizada “vagarosamente”. Membros importantes de
sua equipe tampouco emitem sinais consistentes. Em 2017, o deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), tido como provável ministro da Casa Civil num governo do
capitão reformado, chamou de terrorismo demográfico os alertas para o rápido
envelhecimento da população. Ora, não pode haver controvérsia quanto à anomalia
do caso brasileiro. O país gasta cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB)
com aposentadorias e pensões, montante equivalente ao de sociedades com
participação de idosos na população muito maior.
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A equipe de Bolsonaro também continua a insistir na criação de um regime de
capitalização, no qual os novos entrantes no mercado de trabalho poupariam para
sua própria aposentadoria. Embora elegante do ponto de vista conceitual, tal
opção traria custos que, segundo projeções, podem chegar a R$ 500 bilhões (4,1%
do PIB) até 2050, na medida em que haveria menos contribuintes para bancar quem
está no sistema atual.
Quanto a Fernando Haddad, a
visão petista se mostra igualmente temerária. Bastaria combater privilégios dos
que ganham mais, segundo dá a entender o candidato —e os ajustes do regime
geral, incluindo a definição de uma idade mínima para aposentadoria, poderiam
ficar para depois.
FOLHA DE SÃO PAULO