Artigo de Pablo
Ortellado – “Protesto a favor”, diz que seu grupo de pesquisa na USP investigou a questão, perguntando aos manifestantes na avenida Paulista
qual, entre uma lista de motivos, tinha sido o determinante para irem às ruas.
O resultado foi
surpreendente. Não foi nem o apoio à Lava Jato (8%) nem a rejeição ao STF
(6%) nem o rechaço ao centrão (6%) o que motivou os manifestantes,
mas o “apoio às reformas” (75%).
Como interpretar
esse estranho fenômeno do protesto a favor?
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As manifestações do último domingo consolidaram
o impasse político que vive o país. Foram grandes o suficiente para, com boa
vontade, poderem ser comparadas aos protestos contra os cortes na educação, mas não tão grandes
para conseguir assustar o Congresso —supondo que esse era o
objetivo maior do governo.
Pode ser que,
entre o conjunto das reformas, tenha pesado mais o popular pacote anticrime, de Sergio Moro. Mesmo assim, o
fato de que o governo consiga promover uma pauta impopular, associando-a à
outra popular, não deixa de ser uma manobra política impressionante.
As manifestações
também precisam ser interpretadas no sinal que emitiram sobre o Congresso e o
Supremo. Além da mudança na convocação, vimos o presidente explicitamente condenar o desrespeito às instituições,
sugerindo que quer estabelecer com elas uma relação adversarial, mas dentro dos
marcos constitucionais
FOLHA DE SÃO PAULO