O cenário de aumento
da volatilidade no mercado brasileiro, puxado principalmente pelas incertezas
eleitorais, fez os fundos de pensão interromperem o movimento de diversificação
de seus portfólios, que vinham fazendo por conta da queda das taxas de juros. A
expectativa agora é que essa busca seja retomada após o desfecho das eleições
presidenciais.
De acordo com o
vice-presidente de investimentos da Sulamérica, Marcelo Mello, nos três
primeiros meses do ano o fluxo de recursos das fundações para fundos multimercados
e de ações foi grande, mas esse movimento está agora em compasso de espera
diante do aumento das taxas de juros reais, que elevou a atratividade das
NTN-Bs (títulos do Tesouro Nacional atrelados à inflação, também disponíveis
para o investidor pessoa física no Tesouro Direto) para as fundações. “Esse
processo de diversificação
deve ser retomado
após as eleições, com esses investidores voltando a buscar produtos mais
sofisticados.”
Com a taxa de juros
mais baixas, as fundações precisam buscar ativos de maior risco e reduzir,
assim, a já histórica elevada exposição aos títulos públicos, os quais, em
cenário de juros altos, são suficientes para que se atinjam as metas atuariais,
que são aquelas estabelecidas para que os fundos de pensão garantam seus
compromissos futuros. Na primeira metade do ano, segundo dados da Associação
Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), 64,91%
da carteira dos
fundos estava exposta
aos títulos públicos.
O presidente da
entidade, Luís Ricardo Martins, destaca que outra atenção dos fundos de pensão,
na hora de diversificação, será também em ativos de crédito privado. Ele
destacou, contudo, que movimentos de diversificação devem ser mais notados após
as eleições, com uma definição do comportamento dos ativos financeiros no
mercado brasileiro.
O movimento de
diversificação dos fundos de pensão é aguardado com ansiedade pelo mercado, por
conta dos elevados fluxos esperados. A primeira onda de diversificação foi
observada em 2013, quando as taxas de juros no Brasil estavam na casa de 7%. O
cenário de juros baixos, no entanto, durou pouco, o que rapidamente fez com que
as fundações retornassem aos títulos públicos.
FIP.
Um produto que vinha
sendo apontado como importante fonte para a diversificação das fundações, os
fundos de investimento no exterior continuam sendo pouco procurados, aponta
Mello, da Sulamérica. Segundo ele, o elevado período de valorização dos ativos
nos Estados Unidos e a dúvida sobre a adoção ou não de uma proteção cambial,
por exemplo, acabou afastando muitos candidatos
para a realização
desse tipo de investimento.
Outro tipo de
investimento que foi deixado de lado pelas fundações são os fundos de
participações (FIPs). Para o presidente da Abrapp, investimentos nesses
produtos, que foram foco das investigações da operação Greenfield, da Polícia
Federal, precisam ser retomados. “Eles foram demonizados e isso me parece
equivocado”, afirmou
ESTADO DE SÃO PAULO