Aumento da
longevidade exige uma nova forma de enxergar a previdência
As transformações acontecem com enorme velocidade, especialmente as
tecnológicas e as climáticas. Mas há uma terceira da qual não se fala tanto
quanto se deveria: a demográfica.
“O Brasil em breve será um país de idosos, e
isso diz respeito a todos nós”, disse o Diretor de Previdência da MAG Seguros,
Gleisson Rubin, no painel intitulado “Longevidade Digna e Segura”, dentro da
programação do primeiro dia do 46º CBPP, que contou também com a participação
de Luís Ricardo Martins, Diretor-Superintendente da MAG Fundos de Pensão e
Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da Abrapp.
Gleisson defendeu que envelhecimento saudável não é assunto para ser
tratado na velhice, mas na juventude.
“É o jovem que define sua condição na
velhice”, advertiu Rubin, explicando que a dinâmica do envelhecimento, hoje,
não é a mesma que a geração dos baby boomers. “A geração X
chega com uma série de novos questionamentos”, anotou.
A longevidade exige uma nova maneira de enxergar a previdência, já que
está claro que a Previdência Social não suportará a realidade demográfica
brasileira. Segundo Rubin, “a população brasileira só continuará crescendo
pelos próximos 14 anos.
É bem provável que antes de 2040 ela comece a regredir. Isso exige a
criação de alternativas, em razão da diminuição do número de pessoas na faixa
produtiva”.
Vários fatores explicam a redução populacional que o Brasil sofrerá,
entre os quais o fato de que hoje a mulher brasileira tem 1,55 filho em média –
em 1980, eram 4,1 filhos.
Já a evidente insuficiência da Previdência Social
decorre, entre outras razões, da própria longevidade da população. Em 1980, a
expectativa de vida no país era de 62,6 anos; em 2023, era de 76,4 anos; em
2042, será de 80,7 anos.
Atualmente, 23,3 milhões recebem aposentadoria do INSS, e 17,2 milhões
recebem pensão por morte ou outros benefícios.
Pelo exposto, faz-se necessária uma mudança cultural.
“É
fundamental que a sociedade deixe de enxergar o público idoso como um passivo.
Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar o capital social que esse segmento
representa”, avalia Gleisson, ressaltando que muitos indivíduos, talvez a
maioria, atingem o ápice da sua capacidade cognitiva e produtiva aos 60 anos.
“Devemos fazer uma discussão sobre a longevidade no Brasil, com estratégias de
educação financeira e previdenciária, na qual ficará claro que a solução para a
questão encontra-se na previdência complementar”.
ABRAPP