O estudo Under Pressure:
The Squeezed Middle Class (Sob Pressão: a Classe Média Espremida) mostra
que houve um encolhimento da classe média na maioria dos países da OCDE. O
estudo também incluiu o Brasil. As novas gerações têm dificuldade de alcançar a
renda da classe média, definida como os rendimentos entre 75% e 200% da renda
nacional média. Na geração dos baby boomers, quase 70% das pessoas na faixa dos
20 anos pertenciam à classe média. Na geração dos millennials, esse porcentual
é de 60%.
Observa-se também uma forte
diminuição da influência econômica da classe média. Na última década, os
rendimentos da classe média cresceram em torno de 0,3% ao ano. Já os 10% mais
ricos da população tiveram um aumento de renda cerca de 30% maior.
O custo de vida da
classe média cresceu acima da inflação. Por exemplo, o item de maior peso nas
despesas das famílias de classe média é a habitação. Nas últimas duas décadas,
os preços dos imóveis cresceram a uma velocidade três vezes maior que a renda
média das famílias. Isso fez com que o custo da moradia, que nos anos 90
consumia um quarto da renda da classe média, represente agora um terço de seus
rendimentos.
De acordo com o
estudo, mais de 20% das famílias de classe média gastam mais do que ganham. Um
dado que chama a atenção é que o endividamento excessivo é mais comum na classe
média do que nas famílias de baixa ou alta renda. Ponto de especial preocupação
são as incertezas envolvendo o mercado de trabalho para essa faixa social. De
cada seis trabalhadores da classe média, um tem seu posto de trabalho ameaçado
pela automação.
Uma classe média
próspera é decisiva para a economia e para a coesão social de um país, diz a
OCDE. É a classe média que sustenta o consumo e a arrecadação de impostos –
viabilizando, por exemplo, as políticas públicas de proteção social – e
impulsiona o investimento em áreas fundamentais, como educação, saúde e
moradia.
O ESTADO DE SÃO PAULO