A agência de classificação de
risco Fitch Rating poderá rever a nota brasileira, fixada em BB- em fevereiro
deste ano, caso o novo governo consiga aprovar reformas no Congresso,
principalmente, a da Previdência. A definição da nota, no entanto, não
dependerá exclusivamente da aprovação, mas do modelo de reforma que sair da
discussão entre os parlamentares.
“Em havendo a passagem das
reformas, olharemos no que essas reformas impactam na trajetória fiscal do
Brasil no longo prazo. Nossa preocupação é com a sustentabilidade da dívida no
médio e longo prazos”, afirmou o presidente da agência no Brasil, Rafael
Guedes, após participar de evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) no Rio de Janeiro.
Segundo Guedes, a reforma da
Previdência é a mais importante, mas outras, como a tributária, também são
importantes. Para mexer na nota do Brasil e sinalizar ao investidor de que o
cenário de aposta no País melhorou, “dependerá de qual Reforma da Previdência
será aprovada”, acrescentou ele. O modelo de capitalização, por exemplo, possui
um custo muito alto para as contas públicas num momento em que, em sua opinião,
o Brasil não teria como arcar. “Teria que ter uma série de ajuste para abrir
espaço fiscal”, afirmou.
O viés de estabilidade da nota
definida pela Fitch ao Brasil em fevereiro deste ano indicaria que o rating do
País não deve ser alterado num prazo de 18 a 24 anos. Porém, a sinalização de
redução dos gastos pode interferir nessa decisão, segundo Guedes. “Havendo uma
inflexão e tão mais rápido seja essa queda do endividamento, os analistas podem
se sentir confortáveis a dar uma boa notícia de aumento da nota do Brasil”,
acrescentou.
Guedes ainda destacou a
estratégia do novo governo de negociação com parlamentares como um dos
principais desafios a serem enfrentados pela equipe do presidente eleito, Jair
Bolsonaro, a partir do ano que vem.
Ele destacou a vitória
“convincente” do novo presidente sobre o PT, durante as eleições. Porém,
lembrou que o Congresso eleito é mais fragmentado, do ponto de vista
partidário, do que o atual. “A agenda proposta vai testar novo estilo de
negociação com o Congresso e o apoio do Congresso ao Executivo”, afirmou.
Ainda assim, acredita, a
oposição não será capaz de bloquear reformas. “A expectativa é que a agenda (de
Bolsonaro) seja pró-mercado. Se implementada, vai agradar e levar a um
crescimento mais robusto”, complementou.
Redação Dinheirama