Uma manifestação organizada
pelos principais sindicatos e organizações sociais da Argentina paralisou a
Buenos Aires e outras 50 cidades do país na quarta-feira (13). Desde a manhã
desta quarta, as principais ruas e avenidas do centro da capital ficaram bloqueadas.
Os manifestantes reivindicam
medidas econômicas para conter a inflação, que terminou o ano em 47% e que
segue em tendência de aumento. A Argentina tem hoje a segunda maior inflação da
América Latina, perdendo apenas para a Venezuela.
A data das manifestações não é
casual, afinal, em algumas semanas várias categorias entrarão em negociações
paritárias, em que patrões e empregados acordam o teto dos aumentos de salário,
em geral usando projeções do governo. Sindicatos planejam seguir com greves pontuais,
como as dos aeroviários, e mesmo coletivas.
No ano passado, a negociação
paritária terminou mal. O Ministério da Economia previu 15% de inflação, os
salários foram ajustados com esse índice, depois tiveram um pequeno reajuste,
já que a cifra já tinha estourado esse número bem antes do meio do ano, e, ao
final, os trabalhadores saíram perdendo muito, pois a inflação de 2018 ano
chegou aos 47%.
Isso motivou, entre outras
coisas, que sindicatos se mobilizassem e pressionassem o presidente Mauricio
Macri para que não colocasse na pauta do ano o projeto de reforma
trabalhista que já estava planejado. Até hoje, ele não foi retomado.
Com bumbos e baterias, os
manifestantes caminharam sob o sol forte do verão portenho, complicando o
trânsito de vias importantes que ligam pontos extremos da cidade, como as
avenidas 9 de Julio e Corrientes.
Vários serviços de transporte
coletivo foram interrompidos, e via-se gente baixando dos ônibus para caminhar
a pé até seu destino. Nas ruas do centro também ouvia-se panelaços vindos das
janelas dos prédios.
Segundo Sergio Palazzo,
da CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos), a mobilização de hoje “tem como
objetivos exigir uma paritária social que contemple os aumentos da cesta básica
de alimentos e das tarifas.”
Este segundo ponto vem
aumentando a tensão social nos últimos meses. Desde junho de 2018, quando a
Argentina firmou um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), para
conseguir um empréstimo de US$ 57 bilhões, o governo acelerou na retirada dos
subsídios a serviços para diminuir os gastos sociais.
Antes, estes vinham sendo
graduais, e ainda assim provocavam ruído. Agora, serviços de água, luz,
transporte e gás vêm tendo aumentos a cada mês, o que dificulta o orçamento de
famílias mais humildes.
Os subsídios foram uma
política de proteção à economia popular que durou durante o kirchnerismo, entre
2003 e 2015. Porém, foi ficando cada vez mais difícil mantê-lo depois que o
país deixou de crescer como no tempo do “boom das commodities”, e a herança da
necessidade de fazer ajustes caiu nas mãos do presidente Mauricio Macri.
Pelo governo, quem saiu a dar
declarações foi a ministra de Desenvolvimento Social, Carolina Stanley,
que disse ser contra o corte de vias públicas e chamou as entidades para “uma
mesa de diálogo”. Depois, num momento mais exaltado, classificou o ato de hoje
de “método extorsivo” para provocar o governo.
Redação Dinheirama