Banco aponta ingerências em série do atual governo na gestão da Petrobras


Em relatório, UBS lista pressões; analistas e executivos veem riscos nas decisões do Planalto. Embora tenha gerado maior reação do mercado, o recuo no reajuste de 5,7% no preço do diesel anunciado na quinta-feira (11) não foi o único sinal de interferência na gestão da Petrobras desde o início do governo Jair Bolsonaro (PSL).

 

Em relatório, analistas do banco UBS citam ainda a pressão por investimentos em Israel, os prazos mínimos para reajustes do diesel e a criação do Cartão Caminhoneiro como outros exemplos. No início da gestão, Bolsonaro tentou também emplacar um amigo no comando da empresa.

Analistas, executivos do setor e pessoas próximas ao comando da estatal, porém, dizem que sinais de interferência se acumulam desde o início da gestão e são reforçados por declarações do primeiro escalão do governo Bolsonaro.

 

O governo tem pressionado também a companhia a apoiar a exploração de petróleo na costa israelense, em um momento em que a empresa decide focar seus esforços na produção do pré-sal brasileiro.

A participação da estatal em Israel foi negociada durante visita oficial de Bolsonaro no fim de março.
O ministro de Energia daquele país, Yuval Steinitz, disse esperar a companhia em leilão em que o país oferece 19 blocos exploratórios.

Com relação ao diesel, o primeiro sinal de intervenção foi dado em 26 de março, quando a Petrobras anunciou prazo mínimo de 15 dias para reajustes e a criação de um cartão para a compra do combustível a preço fixo.

Em nota enviada à CVM, a Petrobras diz que manterá a política de paridade internacional dos preços dos combustíveis e que a suspensão do reajuste será de "mais alguns dias". Castello Branco não atendeu pedidos de entrevista.



FOLHA DE SÃO PAULO
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