Traje social é abolido nas maiores instituições financeiras do país


Roupa colorida no Itaú, fim da gravata no Bradesco e bermuda na Bolsa da Valores são sinais de que a descontração no vestir ganha espaço

Os engraxates aqui de fora vão ter de arrumar outra coisa para fazer. Quem sabe vender sapatênis”, diz Thiago Bazilio, superintendente de Suporte à Negociação da B3, a Bolsa de São Paulo, localizada no histórico Largo do Café, centro antigo da capital.

Às vésperas de os termômetros registrarem os dias mais quentes de 2019, a B3 implementou em janeiro um novo código de vestimenta.

O traje social, peça obrigatória desde a fundação do pregão em 1890, foi substituído pelo que há de mais descontraído: jeans, bermuda, camiseta e tênis, abolindo a graxa e o polimento indispensáveis ao tradicional sapato fino. Só não pode regata, camiseta de time e tênis de ginástica.

O mercado financeiro é um dos últimos setores a aliviar as regras para a vestimenta, mas a mudança se alastra.

O presidente do Goldman Sachs,  David Solomon, assinou no começo do ano uma carta ao time global dispensando gravata. O J.P. Morgan fez o mesmo três anos antes.

No Brasil, Itaú e Bradesco estão entre as instituições que aboliram o uso obrigatório do traje social e recomendaram bom senso em caso de visita aos clientes.

No Bradesco, o banco primeiro dispensou a gravata às sextas-feiras —sugestão do então presidente do conselho, Lázaro Brandão.

Mas, na primeira casual friday, os funcionários tinham a gravata no bolso, com medo que o executivo aparecesse com a indumentária completa, conta o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.

Ao assumir a presidência, há pouco mais de um ano, Lazari decidiu liberar os funcionários para que se vestissem como achassem melhor. O Bradesco não tem um dress code.

“Conversei com os meus pares e eles tinham montado um dress code. Eu não ia criar um manual de 14 páginas para dizer como as pessoas deveriam se vestir”, diz.

O fato é que esse tipo de transformação não é automática. No primeiro dia da nova regra, Bazilio, da B3, levou uma calça social na mochila temendo ser barrado pelos seguranças.

“No começo, você vira assunto, mas, em algumas semanas, a bermuda já tinha sido incorporada”, diz o superintendente que trabalha (de bermuda) no centro de operações da Bolsa.



FOLHA DE SÃO PAULO
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br