Dobra o
número de pessoas com faculdade sem emprego ou em trabalho precário
Dois de cada dez trabalhadores com ensino superior com novos contratos
estão em função de baixa qualificação.
Segundo dados levantados pelo IBGE, a fatia da população com ensino superior completo que está desempregada,
desalentada ou trabalhando menos horas do que gostaria saltou de 930 mil para
quase 2,5 milhões entre o segundo trimestre de 2014 e o mesmo período deste
ano.
Parte desse aumento se deveu à saudável expansão da parcela da população que conseguiu um diploma
universitário no Brasil ao longo desse período de cinco anos.
Mas a fatia dos profissionais com ensino superior desocupados,
desalentados ou subocupados por insuficiência de trabalho cresceu em ritmo
muito mais rápido do que o universo de escolaridade que eles representam.
Com
isso, seu peso no grupo dos mais escolarizados dobrou, passando de 5% para 10%
do total.
Os dados do instituto incluem tanto os trabalhadores com carteira
assinada quanto aqueles que atuam informalmente.
Levantamento, com foco apenas no mercado formal, descortina uma outra
tendência de inserção precária dos profissionais qualificados no
mundo do trabalho.
Trata-se da busca de refúgio de muitos desses trabalhadores
em postos que exigem menos anos de escolaridade e menos qualificação.
Entre 2013 e 2018, o mercado de trabalho formal absorveu quase 1,7
milhão de trabalhadores com diploma universitário.
Desse total, 318 mil
aceitaram vagas em uma das 50 ocupações que mais empregavam trabalhadores com
ensino fundamental completo ou médio incompleto no início do período analisado.
Ou seja, pelo menos 2 de cada 10 novos contratos para profissionais com
ensino superior no período caracterizaram um possível desperdício de capital humano, de acordo com a
análise dos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
Esse número, porém, deve ser ainda maior, pois o exercício feito pela
reportagem analisou apenas as 50 carreiras mais típicas da mão de obra com
menor escolaridade.
FOLHA DE SÃO PAULO