O governo quer votar ainda
esta semana os dois projetos que vedam as nomeações políticas para as empresas
estatais e para os fundos de pensão. O Planalto fez alterações nos dois
projetos para viabilizar a votação. No caso das estatais, foi suprimida do
texto a necessidade de 10 anos de experiência na área na qual o indicado atuará.
Já no projeto dos fundos de pensão, a intenção é manter o texto aprovado no
Senado, que define o Conselho de Administração composto por dois representantes
dos trabalhadores e dois dos patrocinadores do fundo.
O governo tem pressa em
aprovar as matérias porque o presidente em exercício, Michel Temer, suspendeu
as nomeações para estatais e fundos de pensão até que os projetos sejam
aprovados. "Essa é a nossa intenção. Claro que, se a aprovação demorar
demais, teremos de retomar as nomeações. As empresas do setor elétrico, por
exemplo, não podem ficar acéfalas", defendeu o ministro da Secretaria de
Governo, Geddel Vieira Lima.
Geddel, que cumpriu agenda
ontem em Salvador ao lado do ministro da Saúde, Ricardo Barros, desembarca hoje
em Brasília e vai à Câmara para uma reunião com os líderes da base aliada em
busca de apoio para a aprovação dos projetos.
O texto original exigia
que o executivo ou técnico nomeado tivesse 10 anos de experiência, pública ou
privada, na área para a qual seria indicado. "Isso inviabilizaria, por
exemplo, a nomeação de Pedro Parente para Petrobras. Ele tem um currículo
invejável, mas jamais trabalhou numa empresa de petróleo", explicou o
líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE). A obrigatoriedade de um
mínimo de 10 anos de experiência pública ou privada está mantida.
Quando Dilma se convenceu,
em 2015, a tirar Maria das Graças Foster da Petrobras, o nome do atual ministro
da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a ser especulado como substituto. Mas a
presidente afastada acabou nomeando o ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir
Bendine, para o posto. Bendine, a exemplo de Parente, não tinha nenhum
conhecimento técnico prévio para atuar no setor.
O outro acordo feito pelo
Planalto com a base aliada é a manutenção da composição do Conselho de
Administração dos Fundos de Pensão com dois nomes indicados pelos trabalhadores
e dois pelos patrocinadores. Quando o texto, vindo do Senado, começou a ser
analisado pelos deputados, surgiu a proposta de aumentar para seis os indicados
e mais um nome vindo do mercado, como consultor externo. A associação dos
fundos de pensão estrilou, alegando que este nome externo teria o poder do voto
de desempate. "Vamos defender a manutenção da paridade dois-dois, com o
voto de minerva dado pelo presidente do Conselho de Administração do Fundo de
Pensão", completou Moura.
Apesar de o projeto ser
considerado prioritário pelo Planalto, há grandes chances de ele não ser votado
hoje. Um projeto que cria regras mais rigorosas para a apuração de mortes e
lesões corporais decorrentes da ação de agentes do Estado, como policiais -
conhecido como auto de resistência - está com urgência constitucional e,
a partir de amanhã, duas medidas provisórias passam a trancar a pauta.
"Se a aprovação demorar
demais, teremos de retomar as nomeações. As empresas do setor elétrico, por
exemplo, não podem ficar acéfalas"
Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo.
Correio Braziliense