POSTALIS: Fundo dos Correios rejeita negócio, recua e paga 44 vezes mais caro


Postalis inicialmente não quis fechar acordo de R$ 11,8 milhões, e adquiriu participação meses depois a R$ 105 milhões

O Postalis, instituto de seguridade social dos Correios e Telégrafos, teve a oportunidade de comprar, em maio de 2011, 37,5% das ações de um projeto que criaria uma outra bolsa de valores no Brasil. O investimento custaria R$ 11,8 milhões, mas a entidade preferiu abrir mão do direito de preferência. Meses depois, no segundo semestre daquele ano, por um motivo ainda desconhecido, o Postalis mudou de ideia. Para adquirir apenas 7,5% da participação no mesmo negócio, cinco vezes menos que o percentual oferecido anteriormente, desembolsou R$ 105 milhões.

Cabe agora à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão regulador do setor, investigar o que ocorreu. A denúncia, encaminhada por um ex-sócio do projeto que apontou indícios de “ilícito de gestão temerária ou mesmo fraudulenta’’ na operação, provocou a abertura de procedimento administrativo no órgão. O objetivo é entender os motivos que levaram a Postalis — cujo patrimônio encolheu R$ 5,6 bilhões na última década por conta do aumento da expectativa de vida dos participantes e da má performance de investimentos — a pagar 44 vezes mais por uma ação em tão pouco tempo.

A nova denúncia atinge o Postalis no momento em que o instituto luta para não fechar as portas, após ter assinado em maio um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Previc. Para manter de pé aquele que já foi um dos cinco maiores fundos de pensão do país, com um patrimônio de R$ 10 bilhões e mais de 150 mil participantes, os gestores cortaram 25% da folha de pagamento e planejam cobrar dos funcionários dos Correios uma contribuição extra, a partir de 2016 e durante 15 anos e meio, para recuperar o equilíbrio financeiro da entidade.



O GLOBO
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