Um dos motivos para um programa
de educação financeira não atingir o resultado esperado é a desconexão com o
público alvo. Por exemplo, ao não levar em conta a variabilidade das receitas
daquela população que se deseja impactar. O assunto foi abordado pelo
professor Jonathan Morduch, autor do livro "The financial diaries"
("Os diários financeiros", em tradução livre). A obra de Morduch é
resultado do acompanhamento financeiro semanal de um grupo de 235 famílias
americanas com renda anual pouco acima da linha da pobreza. Esse público é
representativo de uma parcela significativa da sociedade.
A motivação para a pesquisa foi
a sensibilidade de que, apesar de a renda anual de muitas famílias ser
suficiente para oferecer um padrão de vida minimamente confortável para os
parâmetros americanos, a variabilidade dos ganhos no mês a mês acarretava
impactos relevantes. Nessa linha, os aconselhamentos tradicionais de que é
preciso poupar parte da receita para os momentos difíceis e separar outro tanto
para a aposentadoria são sugestões pouco factíveis para esse público.
Ao longo do período de um ano,
uma parcela do superávit orçamentário conseguida nos meses bons é
necessariamente consumida nos meses ruins. A gestão financeira das contas da
família se torna muito mais complexa. A situação exige sólidos fundamentos de
administração do capital de giro, liquidez dos investimentos e gestão de
passivos. Além de um bom relacionamento com as instituições financeiras.
Como isso é difícil de conseguir, soluções foram buscadas,
Uma startup financeira, fez uma
espécie de diário financeiro digital identificando o perfil financeiro das
famílias das classes mais baixas. Entre as principais constatações está a
observação de que as famílias possuem múltiplas fontes de renda e que essas
receitas são variáveis. Como consequência dessa dinâmica, aparecem conflitos
entre o orçamento de casa e as despesas individuais.
VALOR ECONÔMICO