Idade mínima para
aposentadoria aumentará tempo de carreiras e exigirá investimento em educação. A
PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma da Previdência, que será discutida
no Congresso neste ano, já leva trabalhadores a reavaliar seu futuro
profissional para planejar uma carreira mais longeva e garantir uma renda na
aposentadoria.
O desafio é seguir atualizado e requisitado pelas empresas por mais
tempo, em um mercado de trabalho que será transformado por novas tecnologias e
que tende a privilegiar os mais jovens.
Entre as propostas do governo está a de estabelecer uma idade mínima para aposentadoria de 65 anos
para homem e 62 anos para mulher. Na semana passada, o presidente Jair
Bolsonaro (PSL) cogitou 60 anos para mulheres.
A exigência pode adiar planos de parar de trabalhar de profissionais
mais jovens, que, pelas regras atuais, poderiam se aposentar antes, por tempo
de contribuição (mínimo de 35 anos para os homens e de 30 anos para as
mulheres).
Ricardo Basaglia, diretor-geral da consultoria de recursos humanos
Michael Page, afirma que a tendência global do aumento da expectativa de vida
—uma das razões que levaram à necessidade da reforma— fará com que as carreiras
se tornem mais longas e dinâmicas.
“O profissional passará a ter três ou quatro carreiras ao longo da vida.
A atividade exercida vai mudar de acordo com o conhecimento que ele tem, sua
energia, suas habilidades e interesses.”
Segundo Basaglia,
a mudança fará com que seja mais importante investir em educação ao longo da
carreira, em vez de concentrar os estudos no início dela.
A dificuldade para
que esses profissionais fiquem no mercado formal é confirmada por Morris
Litvak, sócio da empresa Maturi Jobs, que disponibiliza vagas de empregos para
pessoas com mais de 50 anos.
A companhia,
criada em 2015, tem 85 mil currículos cadastrados e disponibilizou 1.000 vagas
de emprego, a partir de solicitações de outras empresas por profissionais com
esse perfil.
A diferença entre
a demanda por oportunidades e as vagas ofertadas fez Litvak perceber que
oferecer apenas o emprego formal não seria suficiente. Sua empresa passou a
criar programas que apoiassem o empreendedorismo de pessoas maduras.
“Cada vez mais o
trabalho vai ser mais autônomo. A pessoa não terá emprego, mas terá trabalho.
Isso é algo natural para os jovens, mas, para os mais velhos, desapegar dos
modelos tradicionais é mais difícil.”
Para Felipe
Morgado, gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do Senai, o
avanço da digitalização, apesar de exigir atualização dos profissionais,
permitirá o alongamento da vida ativa de quem estiver preparado.
Isso porque
tecnologias em ascensão como robótica, internet das coisas, inteligência
artificial e análise de dados diminuirão a necessidade de esforço físico em
muitas áreas da indústria e permitirão aos trabalhadores seguir desempenhando
suas atividades em alto nível por mais tempo.
FOLHA DE SÃO PAULO