Fundos de pensão olham as empresas no longo prazo


Os profissionais de relações com investidores, sustentabilidade e comunicação têm agora um bom argumento para convencer seus chefes a manter ou iniciar projetos para divulgação de informações de forma abrangente e integrada para seus acionistas e demais públicos de interesse.


Muitos deles já deviam ter a percepção - ou a crença - de que apresentar informações financeiras em conjunto com resultados e metas de longo prazo para as áreas ambiental e social tinha apelo entre investidores de longo prazo, e que isso poderia contribuir para reduzir a volatilidade das ações e consequentemente melhorar a relação de risco e retorno do investimento nos papéis.


Agora, um estudo da Harvard Business School, intitulado "Integrated Reporting and Investor Clientele" e assinado pelo pesquisador George Serafeim, dá contornos científicos para sustentar a aposta nessa relativamente recente estratégia de comunicação corporativa. Conforme o trabalho, que teve como base divulgações feitas por 1.114 empresas no período de 2002 a 2010, as companhias americanas e canadenses que apresentam seus resultados de forma integrada têm em sua base acionária uma participação maior de investidores de longo prazo, em comparação com aquelas que não exercem essa prática.


Ainda de acordo com o estudo, que usou modelos estatísticos para chegar a essa conclusão, o efeito é mais pronunciado para empresas com grande expectativa de crescimento, que não possuem controle familiar e que operam em setores do "pecado", como os de armas, fumo e álcool.


Outro achado importante é que o efeito positivo foi identificado justamente com a integração da informação, já que a mera existência de um relatório de sustentabilidade e também a quantidade maior de informações sobre itens sociais e ambientais não mostraram associação estatisticamente relevante com a composição da base acionária.


Embora o autor não se dedique muito a falar das causas, uma possível explicação para esse fenômeno é simples. Se um investidor pretende comprar a ação de uma empresa com intenção de carregar a posição por 10, 20 ou 30 anos, como fazem alguns fundos de pensão, faz todo sentido que ele queira saber quais os planos daquela companhia para sobreviver com sucesso - e dando bons retornos - durante tanto tempo.


Ao mesmo tempo, existe a percepção de que acompanhar a divulgação trimestral de resultados exclusivamente financeiros por meio de releases e teleconferências pode não ser suficiente para que ele se sinta confortável para tomar essa posição. E é de olho nisso que algumas empresas já estão se movimentando. Embora ainda sem todos os requisitos, Natura, Itaú e CCR decidiram dar já neste ano o pontapé inicial ao um novo modelo de comunicação com seus acionistas, por meio do relato integrado.


Para aqueles que ainda não estão familiarizados com o termo, o relato integrado é um passo além de simplesmente juntar o relatório anual ao de sustentabilidade, algo que é praticado por um número cada vez maior de companhias brasileiras - e já entraria no conceito de divulgação de informação integrada usada pelo trabalho de Serafeim, já que a figura formal do relato integrado passou a existir só neste ano


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