Governo é inábil e
maior inimigo da Previdência, diz presidente da comissão especial. Deputado
Marcelo Ramos (PP-AM) afirmou que decisão de devolver Coaf para Economia
atrapalha articulação da proposta no Congresso
Segundo ele, a
decisão da véspera não se trata de derrota do governo, porque legitimamente o
Congresso tomou uma atitude baseada em padrões internacionais, diz.
"Agora, a
confusão que decorreu disso faz dar passos atrás [no debate da Previdência],
porque criou conflitos internos dentro de partidos que tem simpatia pela
reforma, criou conflitos com o presidente da Câmara [Rodrigo Maia], descumpriu
um acordo construído anteriormente e, acima de tudo, bagunçou a pauta da Casa,
porque agora temos cinco medidas provisórias trancando a pauta", afirmou
Ramos após evento na FGV em São Paulo.
"O governo é
muito inábil nesse trato com o Congresso. Hoje, o maior inimigo da reforma da
Previdência é o governo", acrescentou.
O deputado também
reafirmou que mudanças no BCP (Benefício de Prestação Continuada) para idosos
em situação de miséria e nas aposentadorias rurais e de professores não devem
passar na comissão especial conforme o proposto pelo governo.
Ainda assim,
segundo ele, seria possível assegurar, com alterações nesses itens, uma economia de R$ 1,1 trilhão, já que o
governo elevou a estimativa de poupança total em dez anos para R$ 1,23 trilhão
com a aprovação integral do texto.
"O
tamanho da reforma vai depender da capacidade de resistir à pressão de
organizações de servidores. Essas pressões inexistiam na CCJ [Comissão de
Constituição e Justiça], mas hoje estão fortes no Congresso.
Politicamente, não dá para ter um grande desgaste com uma pequena
reforma", afirmou.
FOLHA DE SÃO PAULO