Exterior também
piora, mas ainda não afeta ganho do ano, que depende da Previdência
A briga política travada entre o presidente
Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já custa
caro a investidores: 7.000 pontos do Ibovespa, o principal índice do mercado
acionário brasileiro, em apenas três dias. E o posicionamento do pequeno
investidor por manter, vender ou comprar ações daqui para frente dependerá da
revisão das próprias expectativas sobre a viabilidade da reforma da Previdência
após a turbulência política.
"A situação da reforma é muito mais frágil do que o mercado
imaginava. A piora foi muito rápida", afirma Victor Candido,
economista-chefe da Guide Investimentos.
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"A realidade não era o que a gente estava vendo no começo da semana
[passada]", acrescenta Michael Viriato, professor de finanças do Insper.
Antes de despencar
do recorde de quase 100 mil pontos para os atuais 93 mil, investidores tinham
a sensação de que a Bolsa brasileira iria em uma linha reta de valorização,
avalia Viriato. O
ganho do ano, porém, não está completamente perdido. A queda entre quarta (20)
e sexta-feira (22) foi de 5,9%, mas desde o início de 2019 o índice Ibovespa
ainda acumula ganho de 6,7%.
Viriato se
considera entre o grupo de conservadores e projeta que o Ibovespa poderá
terminar o ano ao redor de 110 mil pontos. Representaria uma valorização de 25%
no ano e de 17% ante o fechamento de sexta, mas é preciso que a reforma saia.
Projeções otimistas
chegaram a apontar o Ibovespa em 140 mil pontos em dezembro.
"Esse é o
momento de fazer posição. Ninguém ganha dinheiro em dia bonito. Quem comprou na
segunda [quando a Bolsa bateu pela primeira vez os 100 mil pontos] perdeu
dinheiro", afirma Candido.
Fazer posição, no
jargão do mercado, é comprar ou vender um ativo baseado em suas expectativas
futuras.
Resumindo: quem
acredita que a reforma passará poderia comprar ações, enquanto o investidor
pessimista após a crise deveria vendê-las. Isso seguindo a avaliação
majoritária do mercado de que apenas as novas regras para aposentadoria serão
capazes de fazer a economia crescer.
FOLHA DE SÃO PAULO