As seguradoras Fator e Chubb planejam pedir à
Justiça brasileira medidas restritivas de direito dos irmãos José e
German Efromovich, enquanto fazem uma busca internacional por ativos da
família, numa batalha para reaver os valores de uma apólice acionada há cinco
anos, segundo apurou o Valor.
Em 2014, o estaleiro Ilha, que fica localizado na
Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, e que é de propriedade dos irmãos, não
entregou à empresa sul-coreana Swire três embarcações que haviam sido
encomendadas, num total de R$ 154 milhões.
As seguradoras prestaram garantia de
performance no contrato de entrega dos navios, arcando com a conta, mas
entraram com uma ação de cobrança para reaver os valores, vencida em dezembro
do ano passado.
À época, o valor do processo estava em R$ 200
milhões, mas as seguradoras estimam que a conta já esteja hoje em R$ 273
milhões.
No processo, a seguradora Fator ganhou o direito a 99% dos valores
devidos pelos irmãos e a Chubb, a 1% – quando o contrato foi assinado, a
seguradora contratada era o Itaú, que vendeu a carteira de grandes riscos à
Chubb.
Como os irmãos não tinham bens suficientes em seu nome, foram arrestadas
ações da Avianca, provando que os irmãos, por meio de outras empresas, tinham
participação significativa na aérea, tese acatada pelos juízes.
No entanto, com o processo de recuperação judicial
da aérea, a retomada de aeronaves por parte de credores e a redistribuição de
slots promovida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a operação esvaziou-se
e os papéis perderam valor.
A Avianca está com as atividades suspensas desde 24
de maio e desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo têm até o final
deste mês para votar pela determinação de falência da companhia.
A defesa deve se valer do novo Código de Processo
Civil, de 2016, para forçar os irmãos no pagamento dos valores devidos.
A nova
lei permite que se peça na Justiça medidas restritivas para obtenção de
prestação de contas, com o objetivo de combater devedores e satisfazer a execução
de dívidas.
Entre os procedimentos, estão desde o bloqueio de cartões e
passaportes até a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação.
Consultado, o
advogado Cássio Gama Amaral, sócio do escritório Mattos Filho, que representa
as seguradoras, diz que “as empresas estão tomando medidas no Brasil e no
exterior para tentar buscar ativos dos devedores”. O escritório Galdino &
Coelho Advogados, que defende os irmãos no processo, disse que não iria
comentar o tema.
Até agora, no Brasil, apenas um imóvel residencial
dos irmãos, no valor de R$ 5 milhões, foi encontrado. Estruturas
societárias e ativos líquidos no exterior, do grupo Sinergy e dos próprios
irmãos, estão sendo rastreados para execução da dívida.
A busca está sendo
feita em diversas jurisdições, inclusive em paraísos fiscais. No exterior, os
irmãos têm participação na Avianca Holdings.
A empresa é 51,5% controlada pelo
grupo Synergy (dos Efromovich), 14% pela Kingsland Holding e o restante está na
bolsa de valores de Nova York.
Apenas em último caso as seguradoras planejam
vender os títulos de dívida para o mercado de crédito, com deságio. Antes
disso, devem esgotar as tentativas para reaver os valores devidos.
VALOR ECONÔMICO