O desafio da renda na aposentadoria


No Brasil, na década de 30, a expectativa de vida de um homem que chegava vivo aos 60 anos era, em média, viver até os 73 anos. Na primeira tábua de mortalidade divulgada pelo IBGE após a aprovação do fator previdenciário, referente ao final dos anos 90, ela tinha passado para 76 anos. Atualmente, é de 80 anos e estima-se que em 2030 será de 82 anos. Já no caso das mulheres, nas mesmas épocas, a expectativa de vida de quem chegava viva aos 60 anos era de 74 e 79 anos na década de 30 e no final dos anos 90, respectivamente, é de 84 anos atualmente e estima­-se que será de 86 anos em 2030. As informações constam de artigo publicado hoje pelo jornal e de autoria do economista Fábio Giambiagi.


Além disso, há um efeito estatístico importante a levar em consideração. A probabilidade de, num conjunto de duas pessoas, pelo menos uma estar viva é igual à probabilidade de ambas estarem vivas mais a de pelo menos uma estar viva. De forma muito simplificada, suponha-­se que aos 60 anos a probabilidade de uma pessoa estar viva aos 80 anos seja de 50 %. Nesse caso, num universo de duas pessoas vivas aos 60 anos, a probabilidade de pelo menos uma estar viva aos 80 anos é de 75 %. Se, aos 60 anos, a probabilidade de uma pessoa estar viva aos 80 passa a ser de 60 %, então a probabilidade de pelo menos uma de duas pessoas estar viva aos 80 anos aumenta de 75% para 84 %. Como para um fundo de pensão, onde os direitos são transferidos ao cônjuge, o que interessa é a perspectiva de tempo do pagamento ­ seja ao titular ou ao cônjuge beneficiário em caso de falecimento ­ a maior longevidade tem efeitos que vão além do maior período de pagamento ao participante titular.


A tabela apresenta o cálculo da contribuição mensal para diferentes situações hipotéticas de modo a ter uma renda complementar de R$ 1.000, supondo em todos os casos que a pessoa se aposenta aos 60 anos. Rendas desejáveis de múltiplos de R$ 1.000 exigem multiplicar o resultado pelo mesmo múltiplo. Para ter uma renda complementar de R$ 1.000 aos 60 anos, se a pessoa começa a contribuir desde os 20 anos e o juro real anual é de 6 %, basta contribuir mensalmente com R$ 74,11 para ter uma renda de R$ 1.000 até os 80 anos. A tabela ­ que, para simplificar, não considera o pagamento para o cônjuge ­ mostra que se esse período de recebimento for "esticado" até os 90 anos pela maior longevidade, a contribuição deve aumentar para R$ 88,94. Agora imaginemos alguém que deseja ter uma renda complementar de R$ 10.000 dos 60 aos 80 anos, com 6 % de juros reais. Ele terá que contribuir mensalmente com R$ 741 (10 vezes R$ 74,11) desde os 20 anos. Se a pessoa demorar 10 anos para ingressar no sistema e só o fizer aos 30, o juro cair para 4 % e, além disso, ela quiser receber a renda até os 90 anos, sua contribuição mensal terá que passar para mais de 4 vezes aquele valor, ou seja, R$ 3.083.  (Valor)


Valor
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br