As aposentadorias desempenharam um papel importante no sentido de
empurrar o coeficiente da dívida pública para o PIB, de 52% no final de 2013,
para 74%. Sem reforma, pode superar em breve os 90%, diz em certo momento o
artigo da revista ECONOMIST, em texto que tenta mostrar a urgência
de os brasileiros fazerem alguma coisa para evitar o desastre que será não
fazer nada.
A generosidade do modelo previdenciário brasileiro data da
transição da ditadura para a democracia nos anos 80. A pressão para mantê-los
generosos é “inimaginável”, diz Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente que
tentou a reforma nos anos 1990. O sistema já chegou a ser ainda mais
insanamente generoso.
O esquema do governo para trabalhadores do setor privado
é fortemente subsidiado. O esquema do setor público é ainda mais abundante; não
é incomum que funcionários públicos se aposentem aos 50 anos com pagamento
integral. As aposentadorias de militares são ainda mais generosas – mas é
improvável que sejam tocadas. Tais grupos privilegiados certamente
resistirão à reforma. Segundo o Tesouro Nacional, 41% dos benefícios
previdenciários vão para os 20% mais ricos dos brasileiros e 3% para os mais
pobres. Mas o envelhecimento da população mostra que o sistema é insustentável.
Havia oito trabalhadores para cada aposentado em 2000. Até 2060 haverá apenas
dois, diz Paulo Tafner, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, um centro
de estudos ligado ao governo. O governo gasta 12% do PIB sobre as pensões, em
comparação com uma média de 8% nos países ricos da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
ESTADO DE SÃO PAULO