Com as mulheres mais longevas que os homens elas já são mais de 56% dos
beneficiários do RGPS.
Que as mulheres tendem a viver
mais que os homens já se sabia, mas um estudo do doutor em Economia Rogério
Nagamine traz números que ajudam a melhor entender os efeitos disso, inclusive
o impacto sobre a Previdência Social.
O estudo se chama “O Processo de Feminização da Velhice e da
Previdência”, analisa dados de 2010 a 2023, e mostra, por exemplo, que
mulheres representaram entre 55% e 56% dos beneficiários ativos do INSS durante
todo esse tempo.
Em dezembro de 2023, o Brasil contabilizava 35,2 milhões de
beneficiários ativos, dos quais 19,4 milhões (55,1%) eram mulheres e 15,8
milhões (44,9%) eram homens.
Já era fato sabido que as mulheres já eram maioria entre os
beneficiários de pensões por morte e salário-maternidade, algo diretamente
relacionado à sua maior expectativa de vida e maternidade.
Agora, porém,
o estudo mostra que elas também passaram a liderar as aposentadorias no âmbito
do RGPS, movimento que marca uma mudança estrutural.
Em 2001, as aposentadorias eram majoritariamente masculinas: 56% para
homens e 44% para mulheres. Já em 2023, o cenário se inverteu: 51,2% das
aposentadorias foram concedidas a mulheres, contra 48,8% a homens. Em
resumo, a concessão às mulheres cresceu ao ritmo de 4% ao ano, enquanto no caso
dos homens 3% anualmente.
O quadro na Previdência é mais ou menos um espelho do que acontece na
demografia. Em 1970, as mulheres representavam 50,9% da população com 60 anos
ou mais. Em 2022, essa participação subiu para 55,7%.
Em outro estudo, os pesquisadores Rogério Nagamine Costanzi e Graziela
Ansiliero, com base no Censo de 2022, indica que o Brasil terá mais
beneficiários da Previdência Social que contribuintes do INSS a partir de 2051.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), há um “rápido e
intenso” processo de envelhecimento populacional e a população idosa irá dobrar
em 30 anos.
INSTITUTO LONGEVIDADE