Continua pequena, não
passando de 10%, a participação do mercado de capitais no financiamento da
renovação da infraestrutura do País, mostra estudo do Santander, segundo o
VALOR ECONÔMICO. No ano passado, as emissões de debêntures isentas do IR
somaram apenas R$ 9,1 bilhões, ou seja, só 12,6% de tudo que foi investido com
essa finalidade.
Mesmo com a forte
retração dos créditos do BNDES, o mercado de capitais deverá assumir muito
lentamente o papel de fornecedor relevante de recursos para a infraestrutura.
“Estimamos que os investimentos em infraestrutura fiquem em torno de R$ 100
bilhões em 2018, sendo que R$ 9 bilhões deverão vir do mercado de capitais”,
comenta Maurício Farias, do Santander.
Com a criação da TLP
as taxas do BNDES tenderão a se aproximar um pouco mais das praticadas pelo
mercado, o que deverá favorecer com o tempo uma gradual mudança no quadro. Até
recentemente o custo do crédito obtido junto ao banco de fomento era incomparável.
Mas a situação só
deverá mudar aos poucos, considerando que, de um lado, somente no ano de 2022 a
TLP deverá incorporar os juros integrais da NTN-B, enquanto que de outro
lado os contratos feitos com juros subsidiados serão mantidos até o fim da amortização.
As mudanças em curso
– especialmente o encolhimento do BNDES - deveriam abrir espaços maiores para o
mercado de capitais, mas Alexandre Muller, gestor de fundos de crédito da JGP,
enxerga limites no modelo brasileiro de financiamento da infraestrutura. Um
deles é o direcionamento dos papéis para pessoas físicas, incapazes de lidar
com a complexidade desse tipo de investimentos, em especial decorrentes do
risco de crédito.
Farias, do Santander,
observa que mesmo muitos investidores institucionais e fundos de pensão não
possuem equipes preparadas para fazer esse tipo de análise. Mas, Jorge Simino,
Diretor de Investimentos da Fundação Cesp, dá outra explicação: pelo fato de as
debêntures oferecerem isenção fiscal para as pessoas físicas, as taxas sabem
muito baixas. “Já vimos papéis de bons emissores saindo com taxas 30 pontos
base abaixo do que pagam os títulos públicos federais. Não faz sentido para a
gente”, resume Simino
Notícias Ancep