De janeiro a abril, o número de benefícios
concedidos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) na região diminuiu
8,25% em comparação com igual período do ano passado. Começaram a ser pagos no
quadrimestre 9.340 pensões e aposentadorias, enquanto que um ano atrás eram 10.189,
ou seja, houve recuo de 840 benefícios. Os dados, que consideram informações
das seis agências previdenciárias do Grande ABC – Rio Grande da Serra não
possui unidade –, foram levantados pelo INSS a pedido da equipe do Diário.
Para especialistas, a desaceleração está
relacionada diretamente com o adiamento da reforma previdenciária, que não tem
sido mais discutida pelo Congresso Nacional. Com isso, os segurados colocaram o
pé no freio dos pedidos de aposentadoria, a fim de permanecer mais um tempo no mercado
de trabalho e, assim, conseguir valor maior do benefício.
Considerando somente as aposentadorias – por idade,
tempo de contribuição e especiais –, a redução de janeiro a abril foi de 8,37%,
ao passar de 7.637 para 6.998 registros, ou seja, 639 a menos. Quanto às
pensões por morte, houve diminuição de 8,23%, passando de 2.552 benefícios para
2.342.
Para se ter ideia, no ano passado, a situação na
região era bem diferente da atual. De acordo com dados do INSS, ao longo do ano
de 2017 houve acréscimo de 20.337 aposentadorias, o mesmo que 55 por dia,
totalizando 335.575 benefícios, o que correspondeu a um aumento de 6,48%. Até
abril deste ano, portanto, eram contabilizados 344.915 benefícios.
Conforme a coordenadora estadual do IBDP (Instituto
Brasileiro de Direito Previdenciário), Maura Feliciano, a mudança está
relacionada diretamente com o adiamento da discussão da reforma previdenciária,
que chegou a ser anunciada pelo governo federal, mas não foi aprovada. “No
início, o pessoal ia correndo às agências e não queria nem saber se era
vantajoso se aposentar. Em diversos casos, o segurado poderia ter direito a um
valor de benefício até 50% maior se esperasse alguns meses para entrar com o
pedido. Porém, houve um temor de que a mudança causasse a perda de direitos”,
contextualizou.
Sem a possibilidade de aprovação no Congresso, pelo
menos até as eleições presidenciais de outubro – desde sexta-feira, nenhum
projeto pode ser votado, uma vez que agora pode ser configurado propaganda –, e
até mesmo o presidente Michel Temer (MDB) já sinalizou que o seu sucessor terá
que retomar a pauta, houve uma reversão no cenário. “Agora, como não é um
assunto que está adormecido, as pessoas perderam um pouco o medo. É um assunto
que deve ser retomado depois de outubro”, analisou Maura.
Diário do Grande ABC