Depois da confirmação de que inúmeras
autoridades tiveram celulares hackeados, ficou claro que qualquer pessoa
pode ter suas ligações telefônicas e mensagens interceptadas.
Se fizeram isso
com ministros, parlamentares e integrantes do Judiciário, o que não fariam
conosco?
Não há
efetiva proteção de dados no Brasil, e o sinal do
celular parece funcionar melhor nas penitenciárias do que na maioria das capitais
e cidades de porte médio.
Segurança de dados, portanto, é tão real quanto o
unicórnio, aquele simpático animal fabuloso, cuja cabeça tem um chifre comprido
e enroscado.
Antes
que alguém se pergunte o que tal situação tem a ver com defesa dos direitos do
consumidor, lembro que nossos dados cadastrais, bancários, fiscais e de saúde
deveriam estar protegidos de invasores digitais. Deveriam, mas não estão.
Agora,
as operadoras de telefonia decidiram bloquear chamadas do aparelho do cliente
para sua própria linha. Mas e quanto aos golpes ainda não divulgados, com os
quais nem sonhamos?
O que é feito para assegurar a confidencialidade das
conversas telefônicas e por intermédio de mensagens?
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi
sancionada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro. Dentre outras providências,
determina a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados.
O Marco Civil
da Internet, que regula o uso da web no país, completou cinco anos
recentemente. Trata de temas como neutralidade da rede, privacidade, retenção
de dados etc.
Portanto,
a questão não é falta de legislação, e sim falha na segurança contra
os invasores. O cibercrime, lamentavelmente, anda sempre à frente dos esforços
para combatê-lo.
O
que o consumidor pode fazer neste cenário é desconfiar ainda mais das garantias
de privacidade e de sigilo. Uma das sugestões é não informar jamais dados
bancários (banco, agência, conta-corrente, CPF) em mensagens instantâneas de
texto, áudio ou via e-mail.
Além
disso, deve abster-se de comentar intenções de compra, planos de viagem e
detalhes sobre negócios em andamento. Há que mudar as senhas constantemente.
Usar um antivírus no desktop, laptop, tablete e smartphone. Não clicar em links
nem abrir arquivos que não tenham sido previamente solicitados, ou cujo envio
não foi combinado anteriormente.
Temos,
também, de redobrar a triagem dos convites recebidos no Facebook, por exemplo. A pessoa que quer ser
sua amiga é conhecida? Seu perfil tem foto e informações recentes?
Se
já éramos cautelosos, devemos ser ainda mais desconfiados e previdentes. Não
digitar nada contando com a inviolabilidade das mensagens. Ao contrário, só
escrever ou dizer aquilo que possa ser divulgado publicamente. Ter cuidado até
com brincadeiras aparentemente inofensivas.
Estamos
na vitrine e, por enquanto, somente pensamentos são seguros. Mas, atenção: por
enquanto!
MARIA INÊS DOLCI