Só maluco torce
para que o avião em que se está viajando caia; e o Brasil sem a reforma não vai
voar, afirma Nizan Guanaes em artigo.
Um cara entrou no elevador outro dia e me disse: “Bom dia”. Eu respondi:
“Se aprovarmos a Previdência, será um bom dia”. Peguei um
táxi no aeroporto, e o motorista me perguntou: “Para onde vamos?”. Eu respondi:
“Se não aprovarmos a Previdência, vamos para o brejo”.
Enfim, nos
próximos meses, no elevador, no táxi, no artigo da Folha, na reunião de
condomínio, no bar com os amigos, eu, você e qualquer pessoa de direita, centro
e esquerda, mas com juízo, deve lutar para aprovar a reforma da Previdência.
O governo já enviou sua proposta ao Congresso Nacional,
e agora cabe o debate democrático em torno dela. Só não cabe mais, no meu
entender, aquele papo de dizer que é a favor da reforma, mas não desta, e aí
acabamos sem reforma alguma. Não há mais tempo para isso.
A reforma é
decisiva para a economia decolar. Já se calcula que US$ 100 bilhões estão para
serem investidos no Brasil, mas esperam a aprovação das mudanças. Ninguém quer
investir num país que pode quebrar mais à frente.
O Estado
brasileiro está sufocado por déficits monstruosos. Os governos de turno
não conseguem investir onde deveriam, como saúde, educação, segurança pública,
saneamento básico, habitação...
Os dados não são
novos e são bem conhecidos. Todo o mundo que chega ao governo é a favor da
reforma, mas, quando está na oposição, fica tentado a fazer proselitismo com o
eleitorado, brincando com fogo.
Eu inclusive acho
errado o tema ser reforma da Previdência. O professor Lavareda disse algo que
nunca esqueci —não se trata de reformar a Previdência, mas de salvar a
Previdência.
Sem salvar a Previdência,
não vamos conseguir pagar aos aposentados. Estados liderados por governadores
de todos os partidos sabem disso. Estão quebrados ou a caminho de quebrar e não
conseguirão custear obrigações básicas se seguirmos desse jeito.
Não é uma medida
fria, liberal. É uma medida humana, difícil às vezes de entender, embora as
pesquisas mostrem que a população cada vez mais entende a reforma.
Os empresários, em
vez de comodamente jogarem a reforma no colo e na conta do governo e do Congresso,
precisam ajudar a mobilizar o país para a importância desta hora.
Os veículos de
comunicação, da forma crítica que lhes é habitual e fundamental, têm o papel de
mostrar a realidade e o perigo dos números. Não é questão de ideologia, mas de
matemática. A conta não fecha.
Sem salvar a
Previdência, quem trabalhou duro não vai ter proventos. E os jovens terão um
futuro pior.
Não cabe a nós, formadores de opinião, líderes empresariais, influenciadores,
ficarmos em cima do muro.
O celular é o
microfone que a tecnologia deu a todos. Temos nos nossos grupos de WhatsApp a
oportunidade de propagar essa mobilização.
Tenho amigos e
parentes que são contra a reforma. Respeito todos eles, e que também façam a
campanha pelo que acreditam. Mas os que concordam comigo precisam se mobilizar
e ajudar a aprovação no Congresso.
Não é questão de
apoiar ou não este governo. Só maluco torce para que o avião em que se está
viajando caia. E o Brasil sem a reforma não vai voar.
É aritmética, não
é ideologia. As pessoas vivem cada vez mais no mundo todo, e a conta atual não
fecha.
Com todo o respeito às pessoas que pensam diferente de mim, eu convido aqueles
que pensam como eu a repetirmos juntos esse mantra: Previdência, Previdência,
Previdência.
Vamos salvar a Previdência.
Nizan Guanaes, jornal FSP