Petros: fundação deve se tornar uma das principais participantes do mercado
acionário nos próximos anos.
A participação da Petros na oferta pública inicial
de ações (IPO) da Neoenergia marcou a retomada da participação do fundo de
pensão dos funcionários da Petrobras em emissões de ações de forma ativa, disse o diretor de investimentos da entidade, Alexandre Mathias.
“A Petros
provavelmente vai ser um dos principais participantes no mercado acionário nos
próximos dois a três anos.
Vamos reciclar parte da nossa carteira e vamos
crescer nossa exposição [em renda variável].
E verificar o potencial de toda
emissão, primária ou secundária”, afirmou o economista, que assumiu o cargo em
abril.
A alocação no IPO da Neoenergia foi “expressiva”,
segundo Mathias, sem detalhar valores. A oferta, realizada em junho, movimentou
perto de R$ 4 bilhões.
Cada investimento será analisado caso a caso, disse o
executivo. A Petros não participou da oferta da BR Distribuidora, no mês
seguinte, por entender que por se tratar de uma emissão da Petrobras, sua
patrocinadora, poderia configurar conflito de interesse.
Mathias considera que apesar de concentrada, a
carteira de renda variável da fundação – que representa 20% dos investimentos –
é “bem montada”, do ponto de vista de performance.
De fato, no primeiro
semestre do ano, o segmento teve ganhos de dois dígitos, beneficiados pelo
avanço de ações como BRF, que subiu 34,6%, no período. A Petros tem uma fatia
de 11,5% na empresa.
A fundação não precisa vender participações que não
sejam relacionadas às perspectivas de retorno, como já aconteceu no passado,
diz o executivo. Um dos principais exemplos é o caso de Itaúsa.
A venda da
fatia na empresa foi realizada em 2017, na gestão do ex-presidente da Petros,
Walter Mendes. Na época, o executivo disse que o negócio, de R$ 4,5 bilhões,
“corrigia um erro”.
Entre os principais problemas estava a baixa liquidez,
considerada inadequada para um plano de benefício definido. “Estamos
confortáveis para vender os ativos na hora que chegarem em nosso preço de venda
e comprar o que for pertinente”.
Este ano, a Petros reduziu sua participação na
Totvs para menos de 5% da empresa. Na operação, via blocktrade, a fundação
levantou R$ 280 milhões. Fatias na Coelce (R$ 150 milhões) e na Paranapanema
(R$ 30 milhões) também foram vendidas em bolsa.
E no setor imobilário, vendeu
sua fatia no Shopping Del Rey, em Belo Horizonte (MG), por R$ 72 milhões. “Nos
próximos dois, três anos, paulatinamente, [a ideia] é reciclar essa carteira em
direção a uma exposição mais diversificada”, disse o diretor.
O movimento busca
investimentos mais rentáveis já que a alocação em renda fixa – hoje responsável
por 70% do portfólio da fundação – não é mais suficiente para cobrir as metas
atuariais.
Tudo vai depender dos modelos analisados na
formulação das políticas de investimentos, que ainda será elaborada.
Para fazer
o movimento a Petros iniciou, sob o comando de Mathias, uma revisão do processo
de ALM (Asset Liability Management) – mecanismo de gestão de ativos e passivos.
Também está estudando as melhores práticas de gestão dos grandes fundos de
pensão dos EUA e do Canadá e dos “endowments” de universidades e de fundos
soberanos.
Uma terceira frente visa desenvolver um modelo e otimização para a
alocação de ativos conforme manda a resolução 4.661, que regula os
investimentos das fundações.
A exemplo de outras fundações, a Petros analisa
fazer investimentos no exterior e novas alocações em fundos de investimentos em
participações (FIPs).
No momento, a fundação está fase de seleção de gestores
para iniciar os investimentos fora do Brasil. A expectativa é que no último
trimestre do ano já tenha condições de iniciá-los, afirmou Mathias.
No primeiro semestre, o plano de benefício definido
da Petros (PSSP) teve um rendimento de 14% ante a meta atuarial de 4,89%.
A
expectativa de Mathias é de superávit em 2019. “Para este ano, se o cenário
global não atrapalhar, a tendência é que façamos um resultado superavitário
bastante importante”. Isso não implica, no entanto, na redução das
contribuições adicionais para plano de equacionamento de déficit.
Além dos
pagamentos extras atuais para sanear o rombo de quase R$ 28 bilhões entre 2014
e 2017, o resultado negativo no ano passado exigirá novas contribuições.
“Começamos a adicionar [resultados positivo] em vez de tirar.
A Petros enfrenta um elevado número de processos na Justiça
para não pagar os valores, enquanto busca uma solução para o plano
problemático, como a migração dos participantes para um novo plano de contribuição
definida ou a redução de benefícios.
Apesar de não ser da alçada da diretoria
de investimentos, Mathias acredita que a situação será resolvida da melhor
maneira. “Os problemas do equacionamento estão sendo endereçados no STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
VALOR ECONÔMICO