Fundos de pensão: investimento no exterior atrai mais


Fundos de pensão: investimentos no exterior atrai mais

Na política de investimentos de 2014 a Fundação Cesp trabalhou autorizada a investir até 2% do patrimônio no exterior. Começa agora 2015 com permissão para chegar até os 6%. Quer dizer, o triplo do ano anterior, informa seu Diretor de Investimentos, Jorge Simino. Ele completa: “E esperamos ocupar todo esse novo espaço ao longo do ano”.

“Noto que as entidades entraram este ano bastante mais motivadas a investir no exterior”, reconhece Carlos Garcia, diretor-presidente  da Itajubá Investimentos. No seu entendimento, as instituições do mercado estão apenas  reagindo a esse novo tipo de demanda por parte de fundos de pensão e dos family offices ao criar no Brasil, nos últimos dois anos (2013 e 2014) mais que o dobro do número de fundos especializados  em investimentos fora do País que surgiram entre 2005 e 2012.

As estatísticas da Anbima mostram que nos últimos dois anos surgiram 47 novos fundos de investimento no exterior, contra os 21 criados até 2012.

“E grande parte dos cotistas dessas novas carteiras é fundo de pensão”, nota Carlos. Ele argumenta com as oito entidades, de variados portes, que compraram cotas do fundo criado pela Itajubá em agosto do ano passado em parceria com a A M Square, o M Square Global Equity Managers Institucional FIC FIM IE. Este atualmente  possui um patrimônio líquido de R$ 87 milhões e  estratégia de chegar aos R$ 393 milhões. Na sequência, em dezembro último, a Itajubá assumiu a distribuição exclusiva de um segundo fundo, o Neuberger Berman US Multi Cap Fim IE, voltado para ações nos EUA, com gestão entregue à Mongeral Aegon e administração e custódia ao BNY Mellon.

Na mesma linha de raciocínio, já passa de uma dezena o número de entidades cotistas do fundo criado no ano passado por um grupo de fundações liberado pela Previ e que tem o BB como administrador.


Contraponto - É claro, lembra Ricardo Esch, Diretor de Investimentos da Enerprev, que para muitas entidades os altos juros que voltaram a ser pagos no Brasil, engordando as rentabilidades da renda fixa, são um convite quase irrecusável para adiar qualquer investimento no exterior. Hoje as NTNs-B pagam a inflação mais um cupom que deve subir acompanhando a Selic.

“Mas não se pode descartar o investimento no exterior”, admite Ricardo Esch, reconhecendo que alocar recursos fora do Brasil pode ser em algum momento um imperativo da diversificação de ativos. A seu ver, mais que tudo, porém, ir ou não para fora continua sendo antes de mais nada uma questão de porte da entidade, sua cultura interna e tempo decorrido de aprendizado.

Se o objetivo é diversificar, acredita Carlos Garcia, o investimento no exterior mostra-se imbatível. A diversificação é não apenas geográfica, uma vez que se aloca recursos em diferentes países e continentes, cada um vivendo ciclos econômicos diversos, mas também por um muito maior número de setores da economia.  Enquanto no Brasil é ofertado uma quantidade bastante limitada de ações por segmento de atividade econômica, no mundo essa oferta é quase ilimitada.

A propósito, a POUPREV-Fundação de Seguridade Social encontrou na diversificação e, mais especialmente na alocação no exterior, uma forte aliada da entidade para manter em 2014 a rentabilidade acima da sua meta atuarial. Apesar do baixo desempenho na carteira da renda variável, os investimentos no exterior renderam 10,42% no quarto trimestre, acumulando 17,84% no ano. Em segundo lugar vieram os investimentos em renda fixa com 3,0% no trimestre e 14,85% no ano. A Fundação ainda obteve boa rentabilidade com os investimentos estruturados, alcançando o patamar de 12,68% no ano. A performance desses segmentos proporcionou rentabilidade anual da carteira de investimentos de 12,31%, representando 111% da meta atuarial de 11,02%, para o mesmo período.

Para Jorge Simino, “dada a conjuntura doméstica que vivemos, fica cada vez mais claro que o investimento no exterior é uma alternativa a ser explorada de forma crescentemente mais intensa nos próximos anos”.

É que, explica Simino, para gerar ganhos adicionais o gestor precisa elevar a fatia da renda variável em seus investimentos e, na Bolsa brasileira, as opções são poucas. Na outra ponta, a economia americana ensaia uma recuperação menos frágil, ao mesmo tempo em que se pode pensar em ganhos cambiais.  (Diário)




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