“O custo da seguridade
social no Brasil é absolutamente inviável”. Foi com essa afirmação que o
administrador de empresas Nilton Molina, membro titular do Conselho Nacional de
Previdência Complementar, justificou a inevitabilidade do governo promover uma
reforma no sistema previdenciário do país.
Molina palestrou nesta
segunda-feira (19) na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para empresários
e conselheiros da entidade, durante reunião conjunta do Conselho Político e
Social e do Conselho de Economia.
“É importante discutirmos
esse assunto para encontrarmos um caminho para a crise. Que entramos na crise,
não há dúvidas. Precisamos agora encontrar uma porta de saída”, disse Alencar
Burti, presidente da ACSP e da Facesp.
Molina se recordou de uma
palestra que fez sobre esse mesmo assunto em 1995. “Passaram-se 20 anos e é
praticamente a mesma apresentação”, comentou. Na avaliação dele, o Brasil teve
várias oportunidades de promover uma reforma previdenciária nas últimas duas
décadas, mas preferiu se esquivar das consequências políticas.
“A reforma previdenciária
tem muita resistência em ser discutida. Nenhum de nós é fã do INSS. De forma
geral, achamos que pagamos muito e recebemos pouco em retorno. Para piorar, as
conversas sempre giram em torno da diminuição de benefícios. E isso cria um
dilema: como diminuir benefícios que os brasileiros já entendem ser poucos?”,
questionou o especialista.
Molina, que também é
vice-presidente da ACSP, destacou que o processo de transição demográfica do
Brasil – cuja população vem envelhecendo nas últimas décadas e envelhecerá
ainda mais nas próximas – não é segredo. O problema, diz ele, é arcar com os
custos políticos e econômicos de se fazer algo a respeito disso. “A expectativa
de vida cresce e a taxa de fertilidade cai. A pergunta que fica é: Quem vai
pagar essa conta?”, apontou o palestrante.
Dados apresentados por ele
indicam que, em 2050, 23% da população brasileira terá mais de 65 anos.
Atualmente, são 8%. Com isso, é cada vez mais urgente que o sistema
previdenciário seja revisto para não pressionar as contas públicas.
Portanto, a ideia de que o
Brasil é um país jovem, reforça Molina, já não é mais verdadeira.
Consequentemente, diz ele, o sistema previdenciário atual é inviável e é “um
ponto fora da curva na análise internacional até mesmo em comparação com os
países ricos”.
Em 1988, o custo do INSS equivalia a 2,5% do PIB. No ano passado, esse
número foi de 8%, segundo dados apresentados por Molina. “Reformar o atual
sistema de previdência ou, ao mesmo tempo, criar um novo sistema para os
entrantes, é inevitável”, ressaltou Molina, que concluiu: “Ainda dá tempo de
fazer a reforma sem violentar benefícios concedidos”.
Agência IN