Todos os sistemas de fundos de pensões angolanos
fecharam os três últimos anos com rentabilidade negativa. Agência que controla
serviço justifica com crise financeira e alta taxa de inflação. Especialista
sugere criação de produtos financeiros para inverter quadro.
Os 28
fundos de pensões angolanos registados pela Agência Angolana de Regulação e
Supervisão de Seguros (ARSEG) terminaram 2017 sem gerar lucros devido às taxas
de inflação, que foram superiores à taxa do rendimento nominal, de acordo com
dados da ASAN (Associação de Seguradoras de Angola).
Até Dezembro do ano
passado, a rentabilidade real dos fundos de pensões fechados e abertos atingiu
-23,57% e -18,54%, respectivamente, face a uma taxa de inflação de 23,67%,
margens que empurraram para baixo toda a rentabilidade das aplicações
existentes.
O quadro foi o mesmo
nos dois anos anteriores. Para 2015 e 2016, os índices de rentabilidades dos
fundos fechados situaram-se nos -7,08% e -35,78%, respectivamente, contra taxas
de inflação de 14,27% e 41,95%, respectivamente.
No mesmo período, os
fundos abertos acabaram com rentabilidade de 4,58% e -27,44%, face às mesmas
taxas de inflação. Além da actual situação económica e financeira, concorrem
para a pouca rentabilidade dos fundos as poucas opções de aplicação, segundo Aguinaldo
Jaime.
A
conferência “Fundos de Pensões em Angola: Que Perspectivas” realizada pelo
atuário e Professor da UFMG Ivan Sant’Ana Ernandes alcançou grande repercussão
na TV e jornais angolanos.
O
Especialista tinha lecionado no curso de pós-graduação da Lisbon School of
Economics and Management em Luanda, capital de Angola, em outubro do ano
passado.
Em
seguida, foi convidado para apresentar-se na conferência sobre previdência
complementar. “Para minha surpresa, houve grande repercussão, sendo noticiado
na Televisão Pública de Angola, no principal jornal da noite em rede nacional”,
diz Sant’Ana. A reportagem foi repetida na edição da tarde do dia seguinte,
além da publicação de matérias nos principais jornais de Angola.
VALOR ECONÔMICO