Nenhum candidato
tem falado clara e detalhadamente o que pretende fazer com a saúde brasileira.
Costumamos ter respostas para quase todas as perguntas e propostas que,
supostamente, solucionariam todos os problemas. Não é o caso, porém, dos planos
de saúde. Autoridades dos três Poderes, empresas e entidades têm se posicionado
sobre consequências de medidas que impactam estes
contratos – como a suspensão
provisória da coparticipação de até 40%, anunciada nesta
segunda-feira (16), determinada pela ministra Carmen Lúcia, presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Mas qual a saída, se nesta área ninguém está satisfeito? O cidadão
tem grande dificuldade para contratar planos individuais. Os idosos, quando
encontram alguma oferta, raramente têm condições de pagar o que é cobrado.
As operadoras reclamam de ações judiciais que concedem tratamentos que
não fazem parte do contrato nem do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar). Muitas delas enfrentam graves dificuldades financeiras.
Por
que tanta divergência e sensação de vale-tudo na saúde privada? Porque não há
solução fácil. Se as operadoras tiverem prejuízos, serão inviáveis. Se os
preços das mensalidades continuarem a subir acima da inflação geral,
consumidores e empresas (responsáveis pelo benefício saúde de seus empregados)
não terão mais condições de pagar os planos
A crise na saúde
privada acontece ao mesmo tempo em que o SUS (Sistema Único de Saúde) sofre as
consequências do déficit público e de problemas crônicos de gestão.
Deveríamos
discutir isso diariamente, sem ideias preconcebidas nem confronto ideológico.
Mas, mais recentemente, discutimos se Neymar Jr. simula ou não suas quedas nos
jogos que disputa. Também nos pintamos para a guerra eleitoral, como se ideias
fossem lanças ou pedras. Nenhum candidato tem falado clara e detalhadamente o
que pretende fazer com a saúde brasileira (pública e privada). A ideia seria
deixar como está para ver como é que fica?
Tabelar os planos
de saúde, embora sejam privados? Liberar reajustes sem preocupação com o
consumidor
Justamente por não haver resposta imediata,
deveríamos dar a devida importância a este dilema, antes que somente meia dúzia
de pessoas tenha acesso aos planos de saúde.
FOLHA DE SÃO PAULO