Um estudo comparativo
entre fundos de pensão brasileiros e internacionais feito pela consultoria
alemã Roland Berger aponta que os nacionais tiveram nos últimos cinco anos
rentabilidade real média de 3,2%, abaixo da meta atuarial média de 5,8%. O
desempenho foi creditado ao rendimento abaixo do esperado no Brasil das
aplicações de renda variável, ativos que compõe boa parte das carteiras dos
fundos pesquisados, entre os quais se incluem o Petros, o Previ e o Funcef.
Já os fundos
internacionais analisados (entre eles o canadense CPPIB, o norueguês GPFG e o
japonês GPIF) tiveram rentabilidade média real de 8,1%, na maioria dos casos
acima da meta atuarial. O resultado foi creditado à diversificação de seus
ativos.
Enquanto nos brasileiros o
investimento em renda variável é concentrado em ações de poucas empresas, nos
internacionais a participação dos papéis de cada companhia na carteira é de 2%
ou 3%, de forma geral. “Além de a concentração ser menor nos fundos
internacionais, a seleção criteriosa de papéis com boas perspectivas de longo
prazo contribuiu para reduzir riscos e ampliar ganhos”, destaca Mauro Toledo,
consultor sênior da Roland Berger especialista em governança corporativa.
O fundo Petros, por
exemplo, que teve rentabilidade negativa em 2013 (-5,8%) e 2014 (-1,2%),
concentra 37% da carteira de renda variável em ações de uma única companhia
brasileira. Quase metade das aplicações desse tipo no fundo (47%) são ações de
empresas de alimentos. Outros 21% são papéis do setor financeiro.
Além da maior
diversificação, o desempenho dos fundos estrangeiros foi beneficiado pela
valorização das bolsas internacionais, especialmente das bolsas americanas.
Isso porque, diz o estudo, eles alocaram um percentual médio de 15% da carteira
em papéis e títulos fora de seu país de origem. Em alguns casos, ativos
estrangeiros compuseram 100% das carteiras.
Já entre os brasileiros,
os ativos internacionais totalizaram em média 3%, embora sejam autorizados por
lei a investir até 10% de seus recursos no exterior. “Existe, portanto,
potencial para diversificar os ativos dos fundos nacionais, inclusive geograficamente,
para aprimorar a gestão de risco e a rentabilidade, embora a questão de risco
de câmbio tenha que ser bem gerenciada, especialmente com a desvalorização do
real”, afirma Antônio Bernardo, diretor-presidente da Roland Berger Brasil.
O estudo da consultoria afirma ainda que a equiparação em desempenho dos
fundos nacionais com os estrangeiros depende do aprimoramento da gestão e da
governança. As principais oportunidades estão no desenho da missão, objetivos e
estratégias de médio e de longo prazo. “São questões que impactam as políticas
de investimento de curto e de médio prazo, as competências organizacionais nas
áreas de análise setorial e de empresas, além da terceirização da gestão de
ativos”, diz Bernardo.
R7