O maior tempo de
contribuição para a previdência e a aposentadoria mais tarde, caso a reforma
seja aprovada, vai obrigar os brasileiros a permanecer mais tempo no mercado de
trabalho. Um desafio para os mais escolarizados, mas especialmente para os
menos qualificados.
Pode ser um problema
muito sério para as pessoas entre 50 e 64 anos que não conseguem trabalhar e
nem se aposentar, um contingente de pessoas que não para de crescer. Segundo
estudo do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, esse grupo
populacional dobrou nas duas últimas décadas, chegando atualmente a 7,3 milhões
de brasileiros.
Por sua parte,
trabalho da OCDE de 2016 mostra que pessoas com maior escolaridade também
enfrentam dificuldades acima dos 50 anos, o que as obriga a um esforço
permanente de aprendizado. Esses trabalhadores precisam provar que se adaptam
às novas tecnologias e às mudanças organizacionais.
Os brasileiros com 60
anos ou mais correspondem a 19% das pessoas em idade de trabalhar, mas apenas
8% estão trabalhando. Para a pesquisadora Ana Camarano, do IPEA, vem caindo o
número de trabalhadores na faixa entre 60 e 64 anos: no ano de 1992 perto de
400 mil pessoas dentro desse grupo etário não trabalhavam. Hoje já são mais de
2 milhões.
Em outro dia mas no
mesmo jornal Ricardo Basaglia, diretor-geral da consultoria de recursos
humanos Michael Page, afirma que a tendência global do aumento da expectativa
de vida —uma das razões que levaram à necessidade da reforma— fará com que as
carreiras se tornem mais longas e dinâmicas.
Morris Litvak, sócio
da empresa Maturi Jobs, diz que “cada vez mais o trabalho vai ser mais
autônomo. A pessoa não terá emprego, mas terá trabalho. Isso é algo natural
para os jovens, mas, para os mais velhos, desapegar dos modelos tradicionais é
mais difícil.”
Maria Elisa Moreira,
professora de gestão e liderança do Insper, diz que o mais importante para
lidar com o novo cenário previdenciário é tomar responsabilidade por se manter
atraente para o mercado em geral, seja em uma empresa, seja atuando por conta
própria.
O GLOBO