Os fundos de pensão
demorarão pelo menos um ano para voltar a ter resultados positivos, segundo a
agência de classificação de risco Moody"s. Isso porque as metas atuariais
são altas - indexadas à inflação - e a economia brasileira está em frangalhos.
De acordo com os analistas da classificadora, a solvência dos fundos se
deteriorou de forma significativa nos últimos cinco anos, com perdas em
investimentos, e o passivo dos fundos agora excede em R$ 63 bilhões (US$ 16
bilhões) os ativos.
O desempenho fraco dos
investimentos, segundo a agência, se deve, principalmente, à exposição à renda
variável. Só o Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 37% em 5
anos. Isso representa uma inversão relevante ao cenário de 2011, quando os
fundos de pensão tinham superavit de R$ 40 bilhões.
A Moody´s destaca que as
perdas com o mercado acionário foram maiores nos planos de benefício definido
com patrocinadores estatais, que representam mais de 75% do deficit total do
sistema. Esses fundos mantiveram, em média, 32% de seus ativos investidos em
renda variável, que teve desempenho inferior às metas atuariais nos últimos
cinco anos por uma ampla margem.
Apesar de as aplicações em
renda fixa representarem, em média, 56% dos ativos, o desempenho desse
portfólio não foi suficiente para compensar integralmente o baixo desempenho
das ações. "Os fundos de pensão têm opções limitadas de investimentos que
podem gerar retornos suficientes para cumprir as obrigações sem assumir maiores
riscos, o que pode levar a uma deterioração ainda maior da posição de solvência,
caso as perdas de investimentos aumentem," disse o vice-presidente da
Moody"s, Diego Kashiwakura.
De acordo com a agência, os ativos dos fundos de pensão brasileiros
cresceram a uma taxa anual de 5% nos últimos 5 anos e atingiram R$ 678 bilhões
(US$174 bilhões) em dezembro de 2015, representando 12% do PIB. No entanto, o
crescimento dos ativos tem sido volátil, principalmente devido ao fraco
desempenho do portfólio de investimentos.
Correio Braziliense