Em artigo ontem, o
economista Antonio Nucifora defende que os presidenciáveis precisam
apresentar estratégia detalhada para tirar país do descontrole fiscal
Não é possível minimizar a gravidade do quadro fiscal brasileiro --a
dívida pública bruta do Brasil já é alta, representando 75% do PIB no início de
2018, bem acima do limite geralmente considerado "seguro" para os
mercados emergentes. Além disso, as projeções indicam que a dívida continuará
aumentando rapidamente.
Nas últimas semanas pré-candidatos à Presidência vêm adotando posições
divergentes sobre a questão do ajuste fiscal. Alguns sugerem que o problema
pode ser resolvido acelerando o crescimento. Outros questionam se o ajuste pode
ser adiado, ou pelo menos diluído, uma vez que uma forte contração fiscal não
parece ser o caminho indicado no atual momento de fraqueza
Ainda outros questionam se o ajuste deve focar no
aumento das receitas, em vez da redução das despesas --eles argumentam que um
ajuste do lado das despesas pode acabar afetando os gastos sociais e, com isso,
minar os avanços dos últimos 15 anos na redução da pobreza.
A decisão realmente não é fácil.
Primeiramente, vale lembrar porquê não é realístico pensar em equilibrar
as contas públicas simplesmente por meio de um crescimento mais rápido: isso só seria possível com um crescimento contínuo acima
de 5% por toda uma década.
Quanto a diluir o ajuste fiscal, as experiências da América Latina sustentam a visão de que ajustes fiscais graduais são menos
prejudiciais ao crescimento do que ajustes --ou "choques"--
repentinos.
FOLHA DE SÃO PAULO