QUEDA DOS JUROS E A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR


O novo ciclo de queda do juros pressionará os fundos de pensão a deixarem de lado a postura conservadora em busca investimentos mais arriscados. 

Com economistas prevendo recuo na taxa básica (Selic) este ano - há quem fale em 4,75% -, as fundações enfrentam dificuldades para atingir suas metas por meio da tradicional renda fixa.

A consultoria Aditus prevê que, entre 118 fundações com patrimônio de R$ 207 bilhões, R$ 19 bilhões devam sair da renda fixa rumo a investimentos mais arrojados até o fim de 2020. 

Mas o movimento pode ser ainda mais intenso, já que os maiores fundos de pensão de estatais não estão na conta, e são eles que concentram grande parte dos recursos da indústria. 

Entre as alternativas estão a Bolsa, fundos multimercados e aplicações no exterior.

Desde 2016, quando a Selic estava a 14,25%, a fatia dos recursos dos fundos em renda variável ficou estável, em torno de 18%. 

Segundo especialistas, isso ocorreu porque a turbulência política do período aumentou a volatilidade da Bolsa e elevou os juros futuros, tornando os títulos de renda fixa mais vantajosos. Agora, a rentabilidade desses papéis não atende mais às metas dos fundos.

Entre os planos dos tipos contribuição definida (CD) e variável (CV), a consultoria Aditus projeta que a fatia aplicada em renda variável (Bolsa e fundos de ações) cresça de 8,36% para 15% até o fim do ano que vem. 

O problema é que, nesses planos, muitas vezes o participante pode escolher o perfil de risco da sua poupança.

O cenário de juros baixos impõe mudanças até à Prev ,  que tem 46% dos seus recursos aplicados em renda variável. Com a maturidade do seu plano mais antigo, a fundação estava determinada a reduzir a fatia em Bolsa a 30% em sete anos. 

Só que enfrenta dificuldades para encontrar títulos de renda fixa que paguem juros equivalentes à sua meta atuarial, de 5% mais a inflação. 

Títulos do Tesouro vencendo em 2045, por exemplo, estão pagando 3,58% mais inflação. or causa disso, a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, freou a estratégia e, por enquanto, mantém a aposta em ações.



O GLOBO
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