Nesta quarta-feira (29), o
Conselho Deliberativo da Fundação dos Economiários Federais (FUNCEF) aprovou as
demonstrações contábeis dos planos de benefícios administrados pela Fundação.
Apesar da crise econômica, a FUNCEF conseguiu manter seu patrimônio, inclusive
com ligeira elevação, passando de R$ 54,2 bilhões para R$ 54,3 bilhões em 2015.
A FUNCEF, como sempre
ocorreu nos seus 38 anos de existência, honrou todos os compromissos com seus
aposentados e pensionistas e garantiu o pagamento de R$ 3 bilhões em benefícios
no ano passado. “Essa é uma demonstração clara de que a Entidade segue sólida e
cumprindo as obrigações pactuadas com seus cerca de 137 mil participantes, vide
também a garantia dos reajustes anuais previstos – o de 2016 foi de 11,28%”,
destaca o presidente Sérgio Mendonça.
Os resultados de curto
prazo não devem desviar o foco da Fundação como investidora de longo prazo. A
rentabilidade da FUNCEF nos últimos 10 anos (2006 a 2015) foi de 214% contra
uma meta atuarial de 208%. Já a rentabilidade do sistema de previdência
complementar fechado no mesmo período ficou em 210%.
Diante da conjuntura
econômica e da crise que enfrenta o sistema de previdência complementar, a
Fundação apresentou déficit total de R$ 8,07 bilhões em 2015, sendo R$ 1 bilhão
no REG/REPLAN NÃO SALDADO, R$ 6,9 bilhões no SALDADO, R$ 71 milhões no NOVO
PLANO e R$ 13 milhões no REB.
Considerando a legislação
em vigor, com base nos resultados de 2015, a FUNCEF terá de elaborar, no
exercício de 2016, plano de equacionamento a ser implementado em 2017, para o
REG/REPLAN SALDADO e REG/REPLAN NÃO SALDADO.
Um Grupo de Trabalho já
foi formado pela FUNCEF para desenvolver os dois planos de equacionamento, para
o REG/REPLAN SALDADO e REG/REPLAN NÃO SALDADO, que serão implementados em 2017.
O NOVO PLANO e o REB não serão submetidos a planos de equacionamento.
Com metas atuariais
superiores a 17% para todos os planos de benefícios, as dificuldades impostas à
FUNCEF, notadamente confirmadas pela volatilidade do segmento de Renda Variável
(Ibovespa a -13,3%), foram as mesmas enfrentadas pelos investidores em geral e,
em particular, pelo conjunto das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar.
A aceleração da inflação –
INPC em 11,28% ao final do exercício – elevou a meta atuarial para patamar
superior a 17% e provocou aumento substancial dos passivos dos planos de
benefícios.
Os investimentos feitos em
Renda Variável tiveram desempenho negativo, de 15,49%. A carteira foi impactada
pela redução de 20% na avaliação do FIA Carteira Ativa II (Vale), com a
participação da FUNCEF baixando de R$ 5,6 bilhões para R$ 4,5 bilhões. Além de
redução do preço do minério de ferro no mercado internacional, a Vale passou
também, em 2015, por amplo processo de reestruturação e reposicionamento no
mercado, com reflexos na sua avaliação.
O segmento de
Investimentos Estruturados registrou variação negativa de 22,29%, em razão de
provisões para perdas em seus principais Fundos de Investimentos, entre os
quais FIP Sondas (Sete Brasil), FIP Global Equity Properties e FIP OAS
Empreendimentos, com provisionamentos de R$ 1,7 bilhão, R$ 204,5 milhões e R$
170,1 milhões, respectivamente.
O passivo judicial da
Fundação está entre os fatores de maior peso na contração dos resultados. O
valor provisionado subiu de R$ 1,4 em 2014 para R$ 1,9 bilhão em 2015, um
incremento da ordem de 38%.
Governança
Vale ressaltar que os resultados deficitários apresentados
pela FUNCEF nos últimos anos não têm relação com questões de gestão ou
governança. Recentemente, a Fitch Ratings atribuiu à Fundação a classificação
de Elevado Padrão no quesito gestores de recursos em escala internacional. A
Fundação é o primeiro fundo de pensão brasileiro que teve seu processo de
gestão de ativos avaliado por uma agência internacional de classificação de
risco.
De acordo com a agência, a
FUNCEF é beneficiada por um processo disciplinado de investimentos, aliado a
uma abordagem de risco conservadora e a rigorosos controles. O Fitch Ratings
considera, ainda, a boa estrutura tecnológica da Fundação.
Fatores de impacto
positivo
Os investimentos em Renda
Fixa apresentaram resultados positivos, apenas ligeiramente abaixo das metas
atuariais dos planos de benefícios. Com rendimento de 16,92%, a carteira
atingiu R$29,7 bilhões em ativos. O melhor retorno foi alcançado em títulos
públicos marcados na curva (17,64%).
Operações com
Participantes renderam 15,92%, com os ativos da carteira chegando a R$ 2,3
bilhões. Os Investimentos Imobiliários, com ativos da ordem de R$ 5,3 bilhões,
renderam 9,28%.
Nos Investimentos
Estruturados, o FIP Florestal apresentou a maior evolução de ativos entre todas
as modalidades de investimentos. O crescimento foi da ordem de 184%, com o
valor aplicado passando de R$ 551 milhões para R$ 1,5 bilhão. A elevação tem em
conta a Linha 2 de produção da Eldorado Celulose, em construção.
Déficit e solvência do
sistema
A situação geral do
sistema mostra elevação do déficit de R$ 31,4 bilhões em 2014 para R$ 70
bilhões em 2015. No mesmo período, o superávit baixou de R$ 27,6 bilhões para
R$ 10 bilhões.
Entre 307 Entidades
Fechadas de Previdência Complementar brasileiras, 108 apresentaram déficit em
2015.
Mesmo atravessando um período de dificuldades, os fundos de pensão
registraram nos últimos 10 anos rentabilidade de 216% ante uma meta atuarial de
213%. Esse dado aponta que o déficit é de fato conjuntural e não representa
risco iminente à solvência do sistema.
Funcef