Sobre a
capitalização: em uma matéria em que economistas foram ouvidos o que sobressai
é, de um lado, a compreensão de que através dela se poderia reforçar a poupança
interna, enquanto de outro se teme a falta de cultura de poupar.
Luís Eduardo
Afonso, professor da USP especialista em Previdência, afirma que o Brasil
perdeu a oportunidade de discutir a adoção de um regime de capitalização como
um dos pilares da Previdência.“O modelo que o governo estava colocando era
radical, com custo muito alto e questões como cobertura e exclusão que não
estavam bem equacionadas, mas não me parece que a retirada pura e simples seja
a melhor estratégia”, afirma o especialista.
“O regime de capitalização
gera poupança interna e ajuda a fomentar o investimento. Seria mais adequado
aperfeiçoar a proposta e avançar na discussão de um modelo. É uma discussão
importante e válida para o longo prazo.”
Na sua coluna
Vinicius Torres Freire diz a respeito que está congelado sem dia
previsto de degelo o projeto de Guedes criar um regime de capitalização.
Esta seria criada por lei complementar, pós-reforma, mas mesmo essa janela
foi fechada pelo Câmara, na prática.
Além de reinventar
a Previdência, a capitalização seria um meio de acabar com a contribuição
patronal para o sistema (sugeria o governo. Ainda não havia projeto de lei
oficial). Trabalhadores que optassem por esse regime custariam menos para as
empresas, com o que haveria mais empregos, imaginava Guedes. Era, na prática,
um modo de embutir o desmanche das leis trabalhistas na reforma da Previdência
e, segundo o ministro, mudar o padrão de poupança no país. Não vai passar.
FOLHA DE SÃO PAULO