Fundo de pensão canadense mira o Brasil


Enquanto a crise política e econômica afugenta parte do capital externo do país, um gigante internacional decidiu tomar o caminho contrário. Com um total 265 bilhões de dólares canadenses (pouco mais de US$ 200 bilhões) em recursos, o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), responsável pelos investimentos do fundo de pensão canadense, acaba de inaugurar um escritório no Brasil.


Com a presença local, o plano é ampliar os negócios no país e na América Latina, nas áreas de infraestrutura, imobiliária e participações em empresas. O CPPIB possui US$ 5,9 bilhões na região ­ pouco mais de US$ 2 bilhões no Brasil ­, o que equivale a menos de 3% do portfólio.


Embora não haja uma meta de investimento, a participação da América Latina pode até dobrar, segundo Rodolfo Spielmann, diretor responsável pelo CPPIB na região. A decisão de ter uma presença no país ocorreu no ano passado, como parte do processo de diversificação dos ativos do fundo. A unidade brasileira é a oitava do CPPIB, que atualmente detém 75% dos investimentos fora do Canadá. O retorno nominal anual obtido pelo fundo nos últimos dez anos, que inclui o período da crise financeira de 2008, foi de 8%. No ano passado, a rentabilidade foi de 18,3%.


A retração da economia e o agravamento da crise política não mudam os planos para o Brasil. "O ajuste é necessário e estamos mais otimistas agora que os problemas da economia estão sendo endereçados do que há dois anos", diz Spielmann. O fundo se apresenta como um investidor "amigável", que pode assumir posições minoritárias, e possui horizonte de longo prazo.


O plano de previdência, para o qual contribuem 18 milhões de trabalhadores canadenses, ainda está na fase em que as contribuições superam o pagamento de benefícios. "Não temos a pressão de venda de um típico investidor financeiro, como um private equity", afirma Spielmann. Os principais investimentos do CPPIB no país estão concentrados no setor imobiliário. O fundo é sócio de galpões logísticos administrados pela Global Logistic Properties (GLP). Na área de shopping centers, é acionista da administradora Alliance e detém empreendimentos em sociedade com a companhia. O fundo também é investidor de gestores de private equity como Pátria Investimentos, Tarpon e Victoria Capital Partners.


Os novos aportes no país serão compatíveis com o tamanho do fundo. O tíquete mínimo será da ordem de US$ 250 milhões. Na área de infraestrutura, o "cheque" pode subir para pelo menos US$ 500 milhões. "O Brasil possui uma necessidade reconhecida de investimentos e nós temos experiência no setor", afirma o executivo do CPPIB, que já atua em projetos no Chile e no Peru.  (Valor)


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