FELICIDADE POLÍTICA


Entrevista com Leandro Karnal, historiador, que apresentou sua visão sobre as possíveis transformações que estão por vir no amor, nas relações familiares, na cultura, na desigualdade social e até na forma de encararmos a morte.

 

  • É preciso felicidade política ou não haverá sociedade brasileira; 

  • O historiador disse que, se tivesse uma única lição a destacar nessa pandemia, é a de que não existe um país com uma só classe. "Se essa fosse a lição para a classe média, que luta com o tédio observando a classe baixa lutar com a sobrevivência, é que não haverá um país só de classe média, de condomínios fechados. Não é possível resolver só o problema da sua família. É claro eu penso primeiro na família, mas não é possível apenas isso", afirmou 

  • Precisamos descobrir um sentido aristotélico muito importante, de que a verdadeira felicidade é política. Vida na pólis: e essa vida precisa ser exercida na sua plenitude ou eu não terei mais sociedade brasileira. Estamos à beira de um esgarçamento do tecido social. Se algo não for feito, teremos sintomas crescentes daqui pra frente, que serão saques de supermercado. A nossa situação, que já não era tranquila, vai virar totalmente caótica.

 

  • Ainda sobre a classe média, o historiador disse que esse grupo descobriu sua vizinhança --um elemento tão presente nas comunidades mais pobres-- através das sacadas nesse momento de pandemia. "A classe média descobriu que podia se comunicar através de panelas, músicas, palmas ou vaias para isso ou para aquilo...

 

  • Para ele, a epidemia evidenciou a desigualdade social de uma forma brutal, que se tornou insuportável: "Ela trouxe à tona uma grande quantidade de ostentação, de pessoas postando que estão fazendo yoga na sala, que descobriram a culinária vegana, enquanto outros estão sem comida".

 

  • É tão brutal que, se hoje tivesse de pensar qual a grande estratégia do capitalismo brasileiro [para sobreviver], seria pensar em maior integração social e diminuição dessa disparidade. Para sobreviver, não para promover uma revolução.

 



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