Se assim posto, os aumentos abusivos dos preços das operadoras privadas
que atuam no segmento empresarial devem ser tratados como boicote ao Governo,
que luta para recolocar no eixo a economia do País. Há um conflito no setor.
De um lado, recentemente a ANS – Agencia Nacional de Saúde Suplementar,
que apesar de nominada como agencia independente representa a mão do Governo no
setor, divulgou o índice de reajuste de preços dos planos de saúde individuais,
que são aqueles que pouco a pouco vão sumindo do mercado em razão da própria
atuação da agência, fixando-o, compulsoriamente, em 7,35% para os próximos doze
meses.
Um índice que, apesar de recebido sem grandes alardes pelos usuários,
ainda deixa perplexos aqueles que tem seus salários e remunerações balizados
por índices inflacionários muito mais baixos. A ANS explica, mas não justifica.
Esperava-se que, a partir daí, os planos empresariais, que habilmente se
safaram do controle da ANS – sem que esta fizesse qualquer questão de inverter
a situação -, divulgassem reajustes próximos ao patamar dos planos individuais,
já que são grupamentos idênticos de pessoas, até com a vantagem de estarem
limitados a pessoas em franca atividade.
Mas não. Segundo divulgado pela
administradora Qualicorp, os reajustes de planos empresariais, sejam coletivos
ou por adesão, mantem-se próximos a 20% em seus respectivos vencimentos anuais.
Alguma coisa está errada, e muito errada. E já que a ANS não tem mãos
suficientes para analisar e intervir, seria interessante que o Ministério
Público Federal voltasse seus olhos para o setor com o fim de dar um basta
nessas decisões que interferem, senão direta, mas indiretamente, na
administração pública e nos atos de Governo.
Paulo Mente – Economista e sócio da Assistants Consultoria